Falta de Médicos na Rede Pública do DF: Principais Carências e Desafios

Faltam médicos em todas as especialidades na rede pública de saúde do Distrito Federal, exceto intensivistas. De acordo com a Lei de Acesso à Informação (LAI), a maior carência é de clínicos, anestesiologistas, radiologistas e pediatras (saiba mais abaixo).

Ao todo, 5.116 médicos atendem pelo SUS em hospitais, Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Brasília. Os dados mostram que faltam 996 médicos nas quatro especialidades com os maiores déficits, veja na tabela abaixo:

Especialidades com maiores déficits de médicos na rede pública de saúde do DF

Especialidade Déficit de médicos Clínica/Emergencista 360 Anestesiologia 235 Radiologia 229 Pediatria 172

Fonte: Secretaria de Saúde do DF por meio da Lei de Acesso à Informação

A Secretaria de Saúde do Distrito Federal afirma que contratou 150 anestesistas, em junho de 2024, e que fez contratações de pediatras por tempo determinado nos períodos de sazonalidade de doenças infantis. Concurso e contratos temporários para clínicos e radiologistas foram outras ações da pasta (veja nota completa abaixo).

O diretor da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO), Cláudio Maierovitch, diz que “as atuais condições de trabalho na rede pública do DF afastam os profissionais e geram reflexos em toda a cadeia de atendimento”.

“Existem soluções que eu chamaria de ‘quebra-galho’, especialmente a contratação de empresas, terceirização de serviços médicos que podem dar respostas emergenciais. Mas, é preciso apostar a longo prazo, na valorização do servidor, do trabalho, da constituição de equipes e valorização do serviço público como possibilidade dos cidadãos utilizarem e não só como último lugar daquele que não pode pagar”, diz Cláudio Maierovitch.

Com a falta de médicos, o tempo de espera para uma consulta aumenta. Valéria Rosa, de 49 anos, espera há quatro meses por uma cirurgia de urgência no Hospital Regional de Sobradinho. Ela tem endometriose, uma doença inflamatória crônica.

O tempo médio de espera é de quase três meses, segundo dados do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT):

– 13.606 pacientes aguardam uma consulta com um cirurgião-geral na rede pública. O tempo médio de espera é de 77 dias;
– 1.494 crianças aguardam uma consulta na pediatria. O tempo médio é de 85 dias, quase três meses;
– Para clínica médica, o tempo de espera é de um pouco mais de dois meses: 68 dias

A Secretaria de Saúde informa que a contratação de empresa especializada em serviços médicos de pediatria visa reforçar o atendimento durante o período de sazonalidade, com contratação de profissionais para emergências. Medidas estão sendo adotadas para mitigar a falta de médicos em diferentes especialidades, visando atender à crescente demanda do SUS na região.

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