Vítimas de acidentes de motos ocupam 50% dos leitos de Hospital de São Gonçalo
De acordo com o Hospital Estadual Alberto Torres (Heat), em média, 20 pessoas acidentadas dão entrada na unidade todos os dias.
Igor Gomes pilotava uma moto quando perdeu o controle e bateu em um caminhão — Foto: Reprodução/TV Globo
Os acidentes de moto estão aumentando os atendimentos no Hospital Estadual Alberto Torres (Heat), em São Gonçalo, na Região Metropolitana do RJ, que é referência em trauma. Segundo a direção da unidade, 50% dos leitos estão ocupados por vítimas de colisões. Atualmente, são 89 pacientes em recuperação. De acordo com o hospital, em média, 20 pessoas acidentadas dão entrada na unidade todos os dias.
Só no final de semana do feriado de São Sebastião, a unidade recebeu 130 vítimas de acidente de moto. A alta demanda acabou com o estoque de sangue da unidade. Foram utilizadas 49 bolsas de sangue para atender às vítimas.
Uma delas é Gilmar Rosa de Oliveira. Ele foi atropelado há 6 meses quando seguia em uma corrida de moto. Desde então, está internado no Heat. “Chamei um moto-uber e quando ele estava parado no sinal, veio uma senhora, e me atropelou. Vai fazer seis meses. Parou minha vida. Quem tem me ajudado são meus amigos”, conta.
Já Igor Gomes, que quebrou os braços, os fémures e a canela, relembra como foi o acidente. “Eu estava pilotando a moto, e perdi controle em uma curva. Bati em um caminhão que estava estacionado. Quebrei os dois fémures, dois braços e a canela. Eu vi a morte”.
De acordo com a direção do Hospital Alberto Torres, o alto índice de acidentes com moto, além de lotar as emergências e as enfermarias, também impacta diretamente no banco de sangue do hospital e em procedimentos agendados, como cirurgias e até captação de órgãos, por exemplo. “Temos que frear estes números. São acidentes que podem ser evitados. Diariamente homens, mulheres, jovens, idosos e crianças entram nas emergências com diversas contusões, lesões ou ferimentos em várias partes do corpo, que demandam cuidados especializados, além de exames de imagens e intervenções cirúrgicas. Muitos saem bem, outros com graves sequelas, mas alguns não sobrevivem”, explica o médico Marcelo Pessoa, coordenador do Centro de Trauma do Hospital Alberto Torres.
Somente em 2024, foram necessárias 8.119 bolsas de sangue para suprir a necessidade de transfusão no atendimento a pacientes que se acidentaram com motos. Esse quadro se agrava ainda mais durante os feriados prolongados e nos finais de semana.