A Universidade Federal do Maranhão (UFMA) revelou que, das 62 pessoas que solicitaram a mudança de nome social, somente 11 estão atualmente matriculadas nos cursos de graduação. Com essa alarmante taxa de abandono por parte dos estudantes trans, a UFMA implantou a Divisão de Gênero e Diversidade (DIGED) com o objetivo de tornar o ambiente universitário e suas redondezas mais acolhedores para todos.
Jennifer Flores é uma das 11 alunas que adotam o nome social e permanecem matriculadas na UFMA. Para ela, o ambiente educacional propiciou segurança para continuar seus estudos na instituição. Segundo Jennifer, o curso de arte, especificamente Teatro, possibilitou uma atmosfera mais libertadora, com professores engajados na causa trans, fomentando seu empoderamento e aceitação como pessoa trans, especialmente ao encontrar outras pessoas trans no campus.
Atualmente, Jennifer está prestes a concluir seu curso de Teatro e vislumbra um futuro promissor. Ela almeja se tornar uma renomada professora e atriz, inspirando outros indivíduos trans com suas realizações. Pietra Lopes, também mulher trans e negra, percebeu desde cedo que ocupar espaços políticos era uma forma poderosa de ter sua voz ouvida, especialmente diante dos desafios enfrentados.
Diante desse contexto, a UFMA criou, no segundo semestre de 2024, uma diretoria destinada a oferecer suporte aos estudantes trans, a Divisão de Gênero e Diversidade. Essa iniciativa busca promover um ambiente universitário inclusivo e diversificado, abordando questões de desigualdade de gênero, orientação sexual e expressão de identidade. Ações do DIGED envolvem campanhas contra violência de gênero e discriminação, com foco no apoio a grupos historicamente marginalizados.
Gisa Carvalho, chefe da Divisão de Gênero e Diversidade, ressalta a importância de incluir e acolher as pessoas trans na universidade, visando não apenas sua entrada, mas também sua permanência. Dessa forma, é crucial que todos se sintam parte integrante do ambiente universitário. A criação de estratégias para evitar o abandono estudantil de pessoas trans é fundamental, considerando que a maioria desses indivíduos enfrenta barreiras significativas no acesso e na permanência na educação.
No Dia Nacional da Visibilidade Trans, é relevante questionar a representatividade e visibilidade das pessoas trans na sociedade. Lohanna Pausini, escritora e gestora da casa FloreSer no Maranhão, aponta a necessidade de superar a transfobia enraizada na sociedade brasileira, que impacta diretamente a ascensão social e profissional das pessoas trans. A luta por equidade e respeito é constante, e a conscientização sobre a importância da inclusão e do acolhimento de todos na educação é essencial para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.