Atendimentos psicológicos crescem 40% no Amazonas e enfrentam desafios

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Atendimentos psicológicos aumentaram 40% no Amazonas nos últimos cinco anos

Mesmo com crescimento, questão ainda enfrenta desafios como a falta de profissionais no interior e o preconceito em relação ao tratamento psicológico.

70% dos atendimentos de saúde mental registrados no Amazonas foram realizados na capital. — Foto: Divulgação

A busca por saúde mental cresceu no Amazonas. De acordo com dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM), nos últimos cinco anos, os atendimentos na rede pública aumentaram 40%. Mesmo assim, a questão ainda enfrenta desafios como a falta de profissionais no interior e o preconceito em relação ao tratamento psicológico.

O aumento no período tem relação direta com a pandemia da Covid-19. De acordo com a psicóloga Rosineide Borges, muitos pacientes carregam sequelas do período de isolamento social.

“No pós-pandemia a procura cresceu realmente, e os pacientes ainda chegam com muito medo de contaminação. Muitos pacientes ainda usam máscara e a gente vai trabalhando essa angústia, esse medo”, explica.

De acordo com a SES-AM, 70% desses atendimentos de saúde mental foram realizados na capital, revelando um cenário da falta de profissionais e estrutura para atender outros municípios. Em todo o Amazonas há 19 Centros de Atenção Psicossocial (Caps): dez deles concentrados na capital e apenas nove no interior.

Com uma população de mais de 4 milhões de pessoas, o Conselho Federal de Psicologia aponta que o estado possui 6.321 psicólogos registrados, sendo 5.149 mulheres e 988 homens. Isso significa uma média de 1,5 profissional para cada 100 mil habitantes, número abaixo da recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para países de média renda como o Brasil, de 1,8.

No Amazonas, os desafios geográficos dificultam a chegada desses profissionais às comunidades ribeirinhas e indígenas. Mesmo quem tem acesso a esses serviços, enfrenta outro obstáculo: o preconceito.

> “Eu digo pros meus pacientes, não sofra sozinho, não faça isso com você, seja gentil com você. Peça ajuda, não tenha vergonha”, diz Rosineide Borges.

Na capital, o empresário Wilson Ayub é um dos que venceram a resistência em cuidar da mente. Foi durante o tratamento contra um câncer que ele percebeu a importância de fazer acompanhamento psicológico.

> “A quimioterapia mexe com teus hormônios e teu humor fica uma coisa horrível. Dá depressão, não dormia a noite, mas eu tinha os dias para conversar com o psicólogo e eles começaram a me ensinar métodos para pensar, meditação e aquilo foi muito importante. Hoje estou novamente no prumo, me sentindo bem, física e mentalmente”, afirma.

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