Alta no preço dos alimentos afeta inflação a médio prazo, diz Copom: veja impacto e projeções

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Copom: alta no preço dos alimentos deve se manter a médio prazo

Copom reforçou o esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal, com “a necessidade de políticas fiscal e monetária harmoniosas”

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) afirmou, nesta terça-feira (4/2), que o cenário de inflação segue “adverso”, principalmente a curto prazo. Com isso, a ata do Copom destacou que os preços de alimentos aumentaram de forma significativa em função, entre outros fatores, da estiagem e da elevação de preços das carnes, afetada pelo ciclo do boi.

Para o colegiado do BC, o aumento “tende a se propagar para o médio prazo em virtude da presença de importantes mecanismos inerciais da economia brasileira”.

ENTENDA A SITUAÇÃO DOS JUROS NO BRASIL

A taxa Selic é o principal instrumento de controle da inflação, que ficou a 4,83% em 2024 — acima do teto da meta. Na semana passada, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a Selic de 12,25% ao ano para 13,25%. No ano passado, a taxa de juros fechou em 12,25% ao ano — voltando ao mesmo percentual de novembro de 2023. A expectativa é de novas altas nos juros ainda no primeiro trimestre, com taxa Selic próxima a 15% ao ano. O mercado financeiro estima que a Selic ficará em 15% ao ano até o fim de 2025, segundo o relatório Focus. Para os analistas, a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), deverá estourar o teto da meta novamente este ano, com expectativa de 5,51%. Projeções mais recentes mostram que o mercado desacredita em um cenário em que a taxa de juros volte a ficar abaixo de dois dígitos durante o governo Lula (PT) e do mandato de Galípolo à frente do BC.

Sobre a política econômica, o BC afirmou que o comitê “manteve a firme convicção de que as políticas devem ser previsíveis, críveis e anticíclicas”. “Em particular, o debate do Comitê evidenciou, novamente, a necessidade de políticas fiscal e monetária harmoniosas”, destaca trecho da ata. “No período recente, a percepção dos agentes econômicos sobre o regime fiscal e a sustentabilidade da dívida seguiu impactando, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes”, acrescenta.

O Copom reforçou a necessidade de ampliar o esforço de “reformas estruturais e disciplina fiscal”. Caso contrário, o aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública têm o “potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia, com impactos deletérios sobre a potência da política monetária e, consequentemente, sobre o custo de desinflação em termos de atividade”.

META DA INFLAÇÃO PODE SER DESCUMPRIDA EM JUNHO

O BC também admitiu a possibilidade de estouro da meta em 2025 no caso das projeções do cenário de referência se concretizarem. Dessa forma, “a inflação acumulada em 12 meses permanecerá acima do limite superior do intervalo de tolerância da meta nos próximos seis meses consecutivos”, ressalta a ata. “Com a inflação de junho deste ano, configurar-se-ia descumprimento da meta sob a nova sistemática do regime de metas”, explica o Copom. O Copom se reúne oito vezes no ano. O comitê decide, a cada 45 dias, a taxa Selic vigente.

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