Trump eleva tarifas sobre produtos chineses, e China responde com retaliação

Presidente dos EUA, Donald Trump: rivalidade com a China (Foto: Divulgação)

A China anunciou nesta terça-feira, 4, novas tarifas sobre produtos importados dos Estados Unidos, em resposta às sanções comerciais impostas pelo governo de Donald Trump. A medida reacende a guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo, enquanto o presidente norte-americano busca pressionar Pequim a conter o tráfico de drogas ilícitas.

A nova tarifa de 10% imposta pelos EUA sobre todas as importações chinesas entrou em vigor nesta terça-feira. Pouco depois, o Ministério das Finanças da China comunicou a aplicação de taxas de 15% sobre carvão e gás natural liquefeito (GNL) dos EUA, além de 10% para petróleo bruto, equipamentos agrícolas e alguns automóveis.

O governo chinês também anunciou uma investigação antimonopólio sobre o Google, da Alphabet, e incluiu a PVH Corp, dona da marca Calvin Klein, e a empresa de biotecnologia Illumina em uma lista de possíveis sanções no país. Um imposto de 10% sobre caminhões elétricos pode impactar as vendas do Cybertruck da Tesla na China, embora a montadora ainda não tenha se manifestado.

As novas tarifas chinesas sobre produtos norte-americanos entram em vigor em 10 de fevereiro, o que abre espaço para negociações entre os dois países. Paralelamente, a China impôs restrições à exportação de metais estratégicos como tungstênio, telúrio, rutênio e molibdênio, justificando a medida como uma forma de proteger sua segurança nacional. Apesar de não bloquearem totalmente as exportações, as restrições devem impactar os preços desses materiais no mercado global.

Embora seja o maior importador mundial de energia, a China mantém uma relação comercial modesta com os EUA nesse setor. As importações chinesas de petróleo bruto norte-americano caíram 52% nos primeiros 11 meses de 2024, segundo a Administração de Informações sobre Energia dos EUA. Já as compras de GNL aumentaram, alcançando 4,16 milhões de toneladas no último ano, um volume quase duas vezes maior que o registrado em 2018. As exportações de carvão metalúrgico dos EUA para a China também cresceram, atingindo US$ 1,84 bilhão em 2024.

Enquanto suspendeu no último minuto uma tarifa de 25% sobre México e Canadá, Trump manteve as sanções contra a China e afirmou que não pretende conversar com o presidente Xi Jinping. Durante seu primeiro mandato, o republicano impôs tarifas sobre centenas de bilhões de dólares em produtos chineses, desestabilizando cadeias globais de suprimentos. Em 2020, um acordo estabeleceu que Pequim compraria US$ 200 bilhões em bens norte-americanos por ano, mas a pandemia prejudicou a implementação desse compromisso.

Trump indicou que poderá ampliar ainda mais as tarifas caso a China não adote medidas para conter o fluxo de fentanil para os EUA. Em resposta, o governo chinês afirmou que contestará as tarifas na Organização Mundial do Comércio e tomará contramedidas, mas mantém a disposição para negociações.

Nos mercados internacionais, o dólar canadense se recuperou após atingir seu nível mais baixo em duas décadas, e as bolsas reagiram positivamente à suspensão das tarifas sobre o Canadá e o México. Ainda assim, Trump sugeriu que a União Europeia pode ser o próximo alvo de sua política tarifária, enquanto líderes europeus alertaram que retaliarão caso os EUA imponham novas barreiras comerciais.

Nos Estados Unidos, analistas alertam para os possíveis impactos das tarifas sobre a economia, incluindo inflação, desaceleração do crescimento e aumento do desemprego. Trump, por sua vez, defende que as medidas são essenciais para conter a imigração ilegal e estimular a indústria nacional, mesmo que possam causar dificuldades de curto prazo para os consumidores.

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