Evelyn Bastos, rainha de bateria da Mangueira, é uma figura icônica no mundo do samba. Professora de Educação Física e historiadora, ela está no seu 12º ano no posto da Verde e Rosa e destaca a autonomia de suas decisões. Mesmo antes de atravessar a Passarela do Samba, no ensaio técnico deste fim de semana, já despertava comentários. Aos 31 anos, Evelyn ressalta sua ligação com a comunidade da Mangueira e a importância de representar suas raízes e ancestralidade em cada apresentação.
Nos ensaios de rua, o figurino de Evelyn é despojado, refletindo a realidade das mulheres da comunidade. Com shorts jeans, body ou macacão colado ao corpo, a rainha busca transmitir sua essência e autenticidade. Diretora cultural da Liesa, ela valoriza a espiritualidade em seus trajes, utilizando patuás e elementos que remetem às religiões dos verdadeiros criadores do carnaval. Desde o enredo “As Áfricas que a Bahia canta”, Evelyn traz em seu visual elementos que representam sua ligação espiritual e cultural.
O cabelo solto e volumoso de Evelyn é outra marca registrada de sua identidade. Como leonina, ela associa seu penteado ao aspecto espiritual, mantendo seus cabelos livres em respeito à sua cabeça e às suas raízes. Além disso, a escolha por elementos como o Ìrùẹṣin em desfiles passados evidencia o cuidado e a reverência que Evelyn tem com suas origens e tradições. Sua presença nas avenidas do Rio de Janeiro é marcada pela força de sua representatividade e pelo respeito às suas raízes.
Em meio a debates sobre nudez e objetificação feminina, Evelyn Bastos se posiciona claramente a favor da liberdade de decisão. Em eventos e palestras, ela defende o direito de escolha das mulheres sobre seus corpos e suas vestimentas, recusando-se a ceder à hipersexualização imposta pela sociedade. Para Evelyn, sua nudez não é um problema, e ela reivindica o direito de mostrar seu corpo com autonomia e dignidade, sem se curvar a padrões preestabelecidos.
Apesar de receber cantadas e elogios, Evelyn encara as situações com leveza e bom humor. Ela afirma não se importar com as abordagens, desde que sejam respeitosas. Para ela, a cantada é inevitável, mas a maneira como é recebida e respondida faz toda a diferença. Com sua postura firme e segura, Evelyn Bastos é um exemplo de mulher que não teme expor sua essência e sua sensualidade, sem abrir mão de sua autonomia e respeito por si mesma. Como rainha de bateria da Mangueira, ela brilha nas avenidas do carnaval carioca, representando não apenas a escola, mas também a força e a beleza das mulheres brasileiras.