Ministros do STF veem revisão da Ficha Limpa como tática para manter candidatura
de Bolsonaro acesa
Oposição articula uma mudança na lei para reduzir a inelegibilidade de oito para
dois anos. A avaliação dos ministros do Supremo é que, se a proposta for aprovada
no Congresso, ela chegará ao STF.
Nesta segunda (25) o Ex-Presidente Jair Bolsonaro fala com a imprensa após
chegar no aeroporto de Brasília. Bolsonaro se reunirá com advogados para
discutir sua estratégia de defesa devido o indiciamento por tentativa de golpe.
Para ministros do Supremo Tribunal Federal ouvidos pelo blog, a tentativa
bolsonarista de alterar a Lei da Ficha Limpa é mais uma maneira de manter acesa a candidatura do ex-presidente.
A oposição articula uma mudança na lei para reduzir a inelegibilidade de oito para dois anos. A proposta diz que o prazo passaria a contar a partir da eleição que ensejou a punição. Assim, Bolsonaro estaria livre para concorrer em 2026.
Em entrevista à CBN, o presidente da Câmara, Hugo Motta, demonstrou abertura
para discutir o assunto. Ele disse que o tempo de inelegibilidade de oito anos é
“muito longo”.
A avaliação dos ministros do Supremo é que, se a proposta for aprovada no
Congresso, ela chegará ao STF – e será judicializada.
Em paralelo, há a investigação sobre o golpe. Entre integrantes da Corte ouvidos
pelo blog, não há dúvidas sobre a atuação de Bolsonaro — mas em relação a
personagens menores, sim. Principalmente civis. No STF, como o blog revelou, a ideia é julgar Bolsonaro até o fim deste ano. Para isso, ministros contam com uma denúncia fatiada da Procuradoria-Geral da República (PGR) e com a atuação de juízes auxiliares para agilizar oitivas, assim como foi no caso do mensalão.
A título de curiosidade, Sergio Moro atuou como juiz auxiliar de Rosa Weber, em 2012, no mensalão.
No entorno de Bolsonaro, ainda que, ao fim do julgamento, ele seja preso, já
há uma discussão sobre repetir o movimento feito com Lula: de articular uma
mobilização popular com a prisão.
A estratégia de Bolsonaro é esticar a corda de sua candidatura até o limite.
Assim, ele trava a discussão de quem será seu sucessor na direita.