O ex-governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), demonstrou estar ciente de que se tornaria um alvo das investigações conduzidas pela Polícia Federal (PF). Em resposta a essa antecipação, Perillo tomou a iniciativa de construir uma narrativa que apresentava sua situação como uma perseguição política, ligando a operação ao atual governador, Ronaldo Caiado (União Brasil). Essa abordagem surgiu como uma reação à decisão judicial que deu início à Operação Panaceia.
Na quinta-feira, dia 6, equipes da PF realizaram operações de busca e apreensão na residência de Perillo, que se localiza em um condomínio de alto padrão na cidade de Goiânia. Essa operação visa investigar possíveis fraudes e desvios de recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) em dois hospitais estaduais durante o período de 2012 a 2018, época em que o tucano detinha o cargo de governador. Além das buscas realizadas, houve também o bloqueio dos bens de Perillo e de seus familiares.
O inquérito relacionado a essa operação foi suspenso em outubro de 2024, após Perillo conseguir uma liminar por meio de um habeas corpus. No entanto, em janeiro deste ano, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região decidiu pela retomada das investigações, impondo um prazo de 90 dias para sua finalização. Inicialmente autorizada em dezembro de 2023, a operação foi adiada depois que o Ministério Público Federal (MPF) contestou uma decisão judicial que impedia a prisão de nove pessoas investigadas.
Com a proximidade da operação, Perillo intensificou seus ataques direcionados a Caiado, utilizando vídeos divulgados nas redes sociais. Essa estratégia seguiu as orientações de seu advogado, Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, com o intuito de associar a atuação da PF a uma suposta rivalidade política. Aliados de Perillo também disseminaram rumores de que a superintendente da PF em Goiás, Marcela Rodrigues de Siqueira Vicente, estaria prestes a assumir a Secretaria de Segurança Pública do estado, informação que foi rapidamente desmentida pelo governo estadual.
Embora Perillo tenha tentado vincular a operação ao governo local, a Operação Panaceia é, na verdade, uma investigação de abrangência nacional, que envolve a atuação da Polícia Federal, do MPF, da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Receita Federal. As investigações revelaram que os contratos firmados com a Organização Social Instituto Gerir, que foi responsável pela gestão de hospitais estaduais entre 2012 e 2018, favoreceram o escritório do advogado João Paulo Brzezinski, que é um colaborador próximo de Perillo. Relatórios indicam que esse escritório recebeu a quantia de R$ 4,79 milhões apenas da Organização Social sob investigação, e um conjunto de empresas associadas ao advogado obteve um faturamento de R$ 7,42 milhões durante o mesmo período.