Análise: Botafogo e Textor perdem tempo precioso com Carlos Leiria
Se a temporada para John Textor só começa em abril, o Botafogo está jogando fora um precioso (e raro) tempo de preparação com Carlos Leiria. A derrota por 2 a 0 para o Madureira neste domingo, pela 9ª rodada do Campeonato Carioca, foi mais uma prova.
São raras as oportunidades de um bom futebol mostrado pelo Alvinegro até agora na temporada. Em Cariacica isto se repetiu: o time jogou mal, teve dificuldade de criar e foi castigado pelo Tricolor Suburbano nos contra-ataques.
O Campeonato Carioca pode importar cada vez menos em termos de competitividade para os envolvidos na SAF, mas qual é a régua para o desempenho? O jogo contra o Madureira foi com um time basicamente reserva, mas o Alvinegro já mostrou a mesma pobreza de ideias atuando com força máxima – o exemplo é a derrota para o Flamengo, na Supercopa.
Até onde a culpa é só de Carlos Leiria nisso tudo? Há uma significativa parcela de responsabilidade em um treinador que dá a impressão de que consegue extrair pouco do atual campeão brasileiro e continental. Apesar da perda de algumas peças, o elenco continua competitivo o suficiente para fazer força contra times de menor expressão do Rio de Janeiro.
No dia a dia, o prestígio de Leiria não é dos maiores. Muitas das decisões do treinador não são bem vistas internamente e há desânimo por causa das atuações recentes. Em Cariacica, por exemplo, boa parte das instruções vindas do banco de reservas foram de Marlon Freitas, Barboza e Gregore, jogadores que não entraram na partida.
Mas não é só Carlos Leiria. Todo este contexto passa diretamente pela decisão de Textor de demorar para decidir quem será o próximo treinador. Jardine, Vasco Matos, Rafa Benítez, Roberto Mancini, Tite, Tata Martino… A lista de tentativas para o novo nome é grande e a paciência é justa, mas apenas até certo ponto em que jogadores são expostos a situações negativas dentro de campo.
Se o Carioca faz parte da pré-temporada, os jogadores não estão absorvendo conceitos táticos e técnicos que serão usados para o restante da temporada – seja o treinador contratado Tite ou Roberto Mancini, de estilos de comando completamente diferentes.
Pode-se usar como exemplo 2024, quando o Botafogo iniciou a temporada com Tiago Nunes, passou por Fábio Matias e contratou Artur Jorge apenas em abril. A questão é que o peso de 2025 não é o mesmo da última temporada, quando o clube disputou as fases preliminares da Conmebol Libertadores. Desta vez, já houve de cara a possibilidade da conquista de dois títulos inéditos: Supercopa e Recopa Sul-Americana. Um já foi riscado da lista.