Moradores do Catiri denunciam ‘contribuição mensal voluntária’ da milícia; cobrança tem até carnê
Taxa mensal varia de R$ 80 a R$ 120. Região de Bangu é disputada a bala pelo tráfico de drogas e pela milícia.
Diversos moradores do Catiri, localizado em Bangu, Zona Oeste do Rio de Janeiro, estão denunciando que milicianos estão impondo uma taxa mensal obrigatória, que varia entre R$ 80 e R$ 120, a moradores e comerciantes locais. Aqueles que se recusam a pagar o valor da ‘contribuição mensal voluntária’ podem sofrer agressões ou até mesmo serem expulsos da comunidade.
Os pagamentos são realizados através de carnês, boletos e até mesmo cartelas que são distribuídas na região. Segundo relatos, os milicianos exigem que a ‘taxa voluntária’ seja paga religiosamente todos os meses, sob ameaça de violência ou expulsão para quem descumprir as regras impostas.
Houve relatos de que a cobrança inicial era de R$ 40, porém atualmente o valor é o dobro, podendo chegar a R$ 100 em breve. Já para os comerciantes locais, a taxa pode chegar a R$ 120, dependendo do tipo de estabelecimento. A comunidade do Catiri se encontra em constante conflito armado entre o Comando Vermelho e a milícia desde 2023, após a morte de Marcos Antônio Figueiredo Martins, conhecido como Marquinho Catiri, que liderava a milícia local.
De acordo com dados do Disque-Denúncia, entre 1º de janeiro e 7 de fevereiro deste ano, foram registradas 7 denúncias relacionadas a atividades criminosas no Catiri. O secretário de Segurança do Rio de Janeiro, delegado Victor Santos, afirmou que “Rio das Pedras, Macacos e Catiri são a ‘coroa da rainha’ do tráfico”, ressaltando a importância estratégica dessas regiões para as operações criminosas.
Para evitar perder o controle da região, os milicianos utilizam câmeras instaladas em postes para monitorar a entrada de rivais e da polícia. Além disso, relatos apontam que os paramilitares invadem residências de moradores para observar a movimentação policial e possíveis incursões de traficantes na área.
As forças de segurança, representadas pela Polícia Militar e Polícia Civil, têm intensificado suas operações na região do Catiri, resultando na prisão de 32 criminosos e na apreensão de 35 armas nos últimos quatro meses. A Polícia Civil está empenhada em investigar as atividades ilegais dos grupos criminosos na região, a fim de identificar e responsabilizar todos os envolvidos.