Pouco depois da entrada em vigor das novas tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos chineses, a China reagiu e anunciou a tributação de bens importados do país norte-americano.
A medida foi divulgada pela TV estatal chinesa logo após a implementação das tarifas de 10% pelos EUA, que passaram a valer à meia-noite no horário americano. O governo chinês informou que aplicará sobretaxas de 15% sobre carvão e gás natural liquefeito dos Estados Unidos, a
Além das tarifas, Pequim anunciou a abertura de uma investigação sobre o que é classificado como monopólio do Google, a principal ferramenta de buscas na internet, e impõe restrições à exportação de alguns metais estratégicos, como o tungstênio, essencial para a indústria militar e a produção de painéis solares.
A China é o terceiro maior parceiro comercial dos Estados Unidos, atrás apenas do Canadá e do México, e o comércio entre os dois países movimentou mais de US$ 750 bilhões em 2022. No entanto, os EUA importam mais do que exportam, acumulando um déficit de US$ 367 bilhões.
A escalada da tensão comercial ocorre em um momento delicado para as duas economias. Nos Estados Unidos, a inflação segue acima da meta, registrando 2,9% em dezembro de 2024. Na China, o crescimento econômico desacelerou e o país enfrentou dificuldades no setor imobiliário.
O economista Lawrence White, da Universidade de Nova York, avalia que a imposição de tarifas pode agravar os desafios econômicos. Segundo ele, a medida tende a pressionar ainda mais a inflação nos EUA, uma vez que aumenta o custo dos produtos chineses. White também acredita que a economia chinesa será impactada e, apesar dos esforços para expandir sua presença nos mercados da África, América do Sul e Ásia, Pequim encontrará dificuldades para compensar a perda das exportações para os EUA.
Na mesma segunda-feira, 3, as tarifas contra México e Canadá também deveriam entrar em vigor, mas foram suspensas de última hora após negociações. O presidente Donald Trump havia indicado uma taxação de 25% com o objetivo de pressionar os dois países a adotar medidas contra a imigração ilegal e o tráfico de fentanil, droga responsável por quase 60 mil mortes nos EUA em 2024. No entanto, os acordos foram fechados com a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, e com o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, adiando a medida por 30 dias.
Pelo acordo, o México enviará 10 mil militares para a fronteira e, em contrapartida, os EUA prometem reforçar o combate ao tráfico de armas. Já o Canadá investirá cerca de US$ 1 bilhão em segurança fronteiriça, seguindo um compromisso firmado ainda no governo do ex-presidente Joe Biden, e nomeará um novo responsável pelo controle da entrada de fentanil no país.
O presidente Donald Trump pretende conversar com o líder chinês, Xi Jinping, ainda nesta semana. Com as tarifas chinesas entrando em vigor apenas na próxima segunda-feira, ainda há possibilidade de um acordo para evitar novos impostos.