Filme rodado no interior de SP usa personagens com superpoderes para explicar trabalho infantil a crianças: ‘um olhar mais atento’
Nascido de um trabalho de conclusão de curso, o média-metragem foi contemplado em edital, que permitiu exibição de estreia e circulação por escolas.
Filme de Santa Bárbara sobre trabalho infantil é selecionado pela Lei Paulo Gustavo
O média-metragem “Todos Por Um” escrito e dirigido pelo ator, professor de teatro e diretor Felipe Damasi, de 21 anos, em Santa Bárbara d’Oeste (SP) foi contemplado pela Lei Paulo Gustavo, que busca incentivar produções audiovisuais pelo Brasil.
O filme, voltado para o público infantil com atores mirins, aborda o tema do trabalho e exploração de crianças através de uma linguagem lúdica e dinâmica. A primeira exibição da produção ocorreu na última quinta-feira (13), no Anfiteatro Detinha Dagnoni.
De acordo com Felipe, a ideia de fazer uma produção audiovisual sobre o assunto surgiu quando ele tinha 18 anos e estava fazendo um trabalho de faculdade.
Bastidores das gravações de “Todos Por Um” em Santa Bárbara d’Oeste (SP).— Foto: Felipe Damasi
“Eu tinha que fazer um trabalho que envolvesse o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e aí eu pensei: ‘por que não falar sobre trabalho infantil?’ A gente fica achando que tem trabalho infantil só lá na Ásia, na África, mas tá acontecendo aqui do lado e ninguém fala sobre isso. Precisamos ter um olhar mais atento para as coisas que acontecem aqui perto”, contou o diretor do filme.
No início, a produção era uma websérie, que foi adaptada para um filme e que Felipe e outros colegas da faculdade entregaram como trabalho de conclusão de curso (TCC) na universidade. O ator decidiu continuar com o projeto após o fim da graduação e inscreveu o média-metragem na lei de incentivo Paulo Gustavo.
O filme foi gravado novamente e selecionado pela lei neste ano. Damasi explica que o motivo de escrever um roteiro de público alvo infantil é justamente para atingir quem sofre com isso: as crianças.
Os personagens Clara, Miguel e Ana embarcam em uma jornada para salvar Mili da situação de trabalho infantil imposta por sua mãe.— Foto: Felipe Damasi
“Pensei num filme infantil, porque eu acho que já tem muita divulgação sobre esse assunto para os adultos. Mas e a criança, que é o alvo? Como que ela sabe o que é um trabalho infantil? Então, foi pensando nisso que eu escrevi o roteiro de ‘Todos Por Um’ com uma narrativa imaginativa e com um elenco formado por crianças”, relatou.
No média-metragem, três crianças com superpoderes imaginários descobrem a situação de trabalho infantil de uma menina de 8 anos. Com a ajuda de uma amiga imaginária o trio embarca em uma jornada para salvar a criança.
As crianças receberam financeiramente para atuar no filme e precisaram comprovar, para a Vara da Infância, que estão matriculados na escola.— Foto: Felipe Damasi
O assistente social Alex Andrade, que validou e acompanhou o trabalho, acredita que o tema da produção é extremamente importante porque, através da ludicidade do filme, a criança que assistir vai compreender o que é uma exploração infantil e vai poder identificar se passa por algo parecido em suas vivências.
“Conforme o ECA, tudo o que fere os direitos das crianças já é considerado uma exploração infantil porque criança não trabalha, criança estuda e brinca. E a criança que tem contato com o trabalho infantil amadurece muito cedo, por ter que lidar com responsabilidades muito cedo, são privadas da infância e das brincadeiras e isso tudo reflete na adolescência, em baixa autoestima, evasão escolar e outras consequências graves”, explicou Alex, que já trabalhou com serviço social na Secretaria de Educação da cidade.
O cenário e o figurino foi criado pelo diretor do filme, Felipe Damasi, com ajuda da equipe e dos atores.— Foto: Felipe Damasi
Depois da exibição do filme, foi realizado bate-papo a respeito da exploração infantil por meio do trabalho e a privação do direito de crianças. A produção também será levada para escolas de Santa Bárbara d’Oeste, onde o filme vai ser apresentado aos alunos e discutido em rodas de conversa.
A intenção, segundo Felipe, é mostrar para as crianças da cidade como identificar corretamente uma situação de trabalho infantil e as consequências dele.
A Lei Paulo Gustavo concede uma verba, que vem do governo federal, aos filmes selecionados, mas “Todos Por Um” também contou com a ajuda da academia de artes em que Damasi dá aulas, parceiros e os atores.
O diretor contou ao DE que desenhou todo o figurino, utilizou casas de parceiros da academia como locações, criou cenários com objetos de seu próprio quarto e escreveu as letras e melodias da trilha sonora.
Além disso, para o ator, ser professor de teatro infantil é oferecer oportunidades, desde cedo, a crianças que, assim como ele, se interessaram pela arte quando pequenos. Felipe começou a ter aulas de teatro aos 11 anos, em Campinas (SP), porque, de acordo com ele, em Santa Bárbara d’Oeste não existiam cursos da modalidade.
“A gente tem que dar oportunidade para quem está começando e para quem tem vontade de começar. Eu defendo muito essa pauta de que tem que ter teatro pra criança, porque eu tive que ir pra Campinas estudar teatro e eu sei que nem todo mundo pode sair da cidade para isso”, argumentou o professor.
Filme rodado no interior de SP usa personagens com superpoderes para explicar trabalho infantil a crianças: ‘um olhar mais atento’
Nascido de um trabalho de conclusão de curso, o média-metragem foi contemplado em edital, que permitiu exibição de estreia e circulação por escolas.
Filme de Santa Bárbara sobre trabalho infantil é selecionado pela Lei Paulo Gustavo
O média-metragem “Todos Por Um” escrito e dirigido pelo ator, professor de teatro e diretor Felipe Damasi, de 21 anos, em Santa Bárbara d’Oeste (SP) foi contemplado pela Lei Paulo Gustavo, que busca incentivar produções audiovisuais pelo Brasil.
O filme, voltado para o público infantil com atores mirins, aborda o tema do trabalho e exploração de crianças através de uma linguagem lúdica e dinâmica. A primeira exibição da produção ocorreu na última quinta-feira (13), no Anfiteatro Detinha Dagnoni.
De acordo com Felipe, a ideia de fazer uma produção audiovisual sobre o assunto surgiu quando ele tinha 18 anos e estava fazendo um trabalho de faculdade.
Bastidores das gravações de “Todos Por Um” em Santa Bárbara d’Oeste (SP).— Foto: Felipe Damasi
“Eu tinha que fazer um trabalho que envolvesse o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e aí eu pensei: ‘por que não falar sobre trabalho infantil?’ A gente fica achando que tem trabalho infantil só lá na Ásia, na África, mas tá acontecendo aqui do lado e ninguém fala sobre isso. Precisamos ter um olhar mais atento para as coisas que acontecem aqui perto”, contou o diretor do filme.
No início, a produção era uma websérie, que foi adaptada para um filme e que Felipe e outros colegas da faculdade entregaram como trabalho de conclusão de curso (TCC) na universidade. O ator decidiu continuar com o projeto após o fim da graduação e inscreveu o média-metragem na lei de incentivo Paulo Gustavo.
O filme foi gravado novamente e selecionado pela lei neste ano. Damasi explica que o motivo de escrever um roteiro de público alvo infantil é justamente para atingir quem sofre com isso: as crianças.
Os personagens Clara, Miguel e Ana embarcam em uma jornada para salvar Mili da situação de trabalho infantil imposta por sua mãe.— Foto: Felipe Damasi
“Pensei num filme infantil, porque eu acho que já tem muita divulgação sobre esse assunto para os adultos. Mas e a criança, que é o alvo? Como que ela sabe o que é um trabalho infantil? Então, foi pensando nisso que eu escrevi o roteiro de ‘Todos Por Um’ com uma narrativa imaginativa e com um elenco formado por crianças”, relatou.
No média-metragem, três crianças com superpoderes imaginários descobrem a situação de trabalho infantil de uma menina de 8 anos. Com a ajuda de uma amiga imaginária o trio embarca em uma jornada para salvar a criança.
As crianças receberam financeiramente para atuar no filme e precisaram comprovar, para a Vara da Infância, que estão matriculados na escola.— Foto: Felipe Damasi
O assistente social Alex Andrade, que validou e acompanhou o trabalho, acredita que o tema da produção é extremamente importante porque, através da ludicidade do filme, a criança que assistir vai compreender o que é uma exploração infantil e vai poder identificar se passa por algo parecido em suas vivências.
“Conforme o ECA, tudo o que fere os direitos das crianças já é considerado uma exploração infantil porque criança não trabalha, criança estuda e brinca. E a criança que tem contato com o trabalho infantil amadurece muito cedo, por ter que lidar com responsabilidades muito cedo, são privadas da infância e das brincadeiras e isso tudo reflete na adolescência, em baixa autoestima, evasão escolar e outras consequências graves”, explicou Alex, que já trabalhou com serviço social na Secretaria de Educação da cidade.
O cenário e o figurino foi criado pelo diretor do filme, Felipe Damasi, com ajuda da equipe e dos atores.— Foto: Felipe Damasi
Depois da exibição do filme, foi realizado bate-papo a respeito da exploração infantil por meio do trabalho e a privação do direito de crianças. A produção também será levada para escolas de Santa Bárbara d’Oeste, onde o filme vai ser apresentado aos alunos e discutido em rodas de conversa.
A intenção, segundo Felipe, é mostrar para as crianças da cidade como identificar corretamente uma situação de trabalho infantil e as consequências dele.
A Lei Paulo Gustavo concede uma verba, que vem do governo federal, aos filmes selecionados, mas “Todos Por Um” também contou com a ajuda da academia de artes em que Damasi dá aulas, parceiros e os atores.
O diretor contou ao DE que desenhou todo o figurino, utilizou casas de parceiros da academia como locações, criou cenários com objetos de seu próprio quarto e escreveu as letras e melodias da trilha sonora.
Além disso, para o ator, ser professor de teatro infantil é oferecer oportunidades, desde cedo, a crianças que, assim como ele, se interessaram pela arte quando pequenos. Felipe começou a ter aulas de teatro aos 11 anos, em Campinas (SP), porque, de acordo com ele, em Santa Bárbara d’Oeste não existiam cursos da modalidade.
“A gente tem que dar oportunidade para quem está começando e para quem tem vontade de começar. Eu defendo muito essa pauta de que tem que ter teatro pra criança, porque eu tive que ir pra Campinas estudar teatro e eu sei que nem todo mundo pode sair da cidade para isso”, argumentou o professor.