Pit-bull morre por anemia sem sangue: DF sem banco público. Como ajudar?

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Vítima de grave anemia, pit-bull morre à espera de sangue. Veja vídeo

Tutora buscou socorro na rede pública mas não conseguiu sangue para transfusão e um leito. O DF não conta com um banco de sangue público

Enfraquecido por uma grave anemia, o pit-bull Beethoven (foto em destaque), de 3 anos, morreu à espera de uma transfusão de sangue na sexta-feira (7/2).

Segundo a tutora do pit-bull, Ingrid de Ferreira Costa, 35 anos, os veterinários não fecharam o diagnóstico do cachorro, contudo o quadro de anemia era gravíssimo e o cachorro dependia de uma transfusão para sobreviver.

“Beethoven estava sem sangue no corpo. Estava com poucos glóbulos vermelhos e brancos e sem plaquetas. Nos exames não houve sequer contagem nas plaquetas”, contou.

Desde 4 de fevereiro, Beethoven não se alimentava. O pet também apresentava um quadro de desidratação e dificuldade de respiração.

No dia 6 de fevereiro de 2025, Ingrid levou Beethoven para o Hospital Veterinário Público do Distrito Federal (Hvep), localizado em Taguatinga. Mas, não havia leito disponível para internação, tampouco sangue.

De acordo com a tutora, a equipe médica do Hvep teria assumido o compromisso de fazer a transfusão caso ela conseguisse uma bolsa de sangue ou um doador.

Desesperada a tutora buscou bancos de sangue. Não encontrou unidades públicas. As unidades particulares cobravam R$ 1.850 por bolsa. Valores muito além das capacidades financeiras de Ingrid.

Beethoven era um cão dócil. Sempre cumprimentava a Ingrid quando a tutora chegava em casa. Gostava de carinho e pulava de alegria enquanto brincava.

Segundo a ativista dos direitos dos animais e advogada Ana Paula de Vasconcelos, a rede pública não tem um banco de sangue nem um cadastro de possíveis doadores. Além dos cães, o problema também atinge os gatos. O caso de Beethoven não é isolado. O problema é recorrente, dificultando o tratamento. Por isso, muitos pets morrem.

“É interessante que se crie algum mecanismo para auxiliar os tutores que precisam desse recurso, uma vez que uma bolsa de sangue hoje custa entre R$ 800 a R$ 1.300. E a gente parte do princípio que a pessoa que procura um serviço de saúde pública não tem como custear o valor do tratamento. É interessante criar alternativas para que os animais possam efetivamente ser salvos”, comentou Ana Paula.

Outro Lado

Segundo o Governo do Distrito Federal (GDF), atualmente, não há planos para a construção de um banco de sangue público para pets. No entanto, o Executivo planeja uma colaboração com o banco de sangue do Hospital Veterinário da Universidade de Brasília (UnB), com o objetivo de viabilizar o fornecimento de sangue para transfusões.

De acordo com o GDF, a construção de banco no Hvep demandaria equipamentos especializados para o armazenamento das bolsas de sangue, além de um programa estruturado de doadores regulares, incluindo cães doadores.

Embora o Hvep conte com uma lista de cães disponíveis para doação, segundo o GDF, esses animais só podem realizar a doação a cada três meses, o que limita a disponibilidade de sangue. Além disso, muitos dos doadores cadastrados já realizaram doações recentes, o que dificulta a reposição do estoque necessário.

O Hvep está em diálogo com Secretaria Extraordinária de Proteção Animal (Sepan) para ampliar o número de leitos. Atualmente, o hospital faz em média 150 novas consultas diariamente, mas tem apenas 10 vagas para internação por dia. Muitas vezes, essas vagas já estão ocupadas por animais em tratamento contínuo, o que dificulta o atendimento de novos casos.

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