Babá resgatada de trabalho escravo no Morumbi sem água e comida

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Sem água e comida: babá é resgatada de trabalho escravo no Morumbi

Boliviana de 19 anos estava há seis meses submetida a trabalho escravo em
apartamento de casal de médicos no Morumbi

São Paulo — Uma boliviana de 19 anos foi resgatada na tarde dessa quinta-feira
(20/2) após passar seis meses sendo vítima de trabalho escravo em um apartamento
no Morumbi, bairro nobre de São Paulo. Ela trabalhava para um casal de médicos como babá. Os suspeitos prestaram
depoimento no 89º Distrito Policial (DP) e foram liberados.

O Sindicato das Empregadas e Trabalhadoras Domésticas da Grande São Paulo
(Sindoméstica) recebeu uma denúncia do grupo Conexão Babá de que a jovem boliviana estaria em cárcere privado, sendo vítima
de trabalho escravo.

De acordo com Janaína Souza, presidente do Sindoméstica, a vítima recebeu somente o primeiro mês de salário, no valor de R$ 2 mil. Conforme relato da jovem ao sindicato, a empregadora teria dito que guardava o salário dos outros meses para, mais tarde, entregar a ela. Além disso, a vítima não tinha contrato de trabalho e não podia contatar a própria família ou as outras babás do condomínio, chamado Grand Panamby. Ela também não podia sair da propriedade, tendo autorização para ir às áreas comuns apenas quando estivesse acompanhada da criança.

> “Quando [as babás] souberam da situação dela, começaram a auxiliar com
> alimentação, porque no imóvel ela não podia nem se alimentar e nem beber
> água”, disse Janaina.

No momento em que foi liberta, a vítima apresentava bastante fome. A presidente
do sindicato afirmou que a jovem sofria abusos psicológicos e fazia
“absolutamente tudo” dentro da casa.

Janaina disse ainda que, após o resgate, os envolvidos foram levados para a
delegacia, onde foi registrado um boletim de ocorrência não criminal. O casal
foi ouvido e liberado em seguida.

O DE questionou a Secretaria da Segurança Pública (SSP) a razão para a liberação dos suspeitos. Em
resposta, a pasta afirmou que a Polícia Civil “realiza diligências visando a
oitiva do casal, bem como demais testemunhas, além de buscas por subsídios que
auxiliem no devido esclarecimento dos fatos”.

Segundo Janaina, o casal, formado por um brasileiro e uma boliviana, apresentou
resistência quando foram até o apartamento retirar os pertences da jovem. “Só
entregaram quando a gente falou que ia chamar a polícia novamente, porque era
uma ordem que eles tinham da polícia de entregar os pertences dela”, afirmou.

Após o resgate, a jovem foi levada para um local seguro. O Sindoméstica afirmou
que vai dar andamento à situação da imigrante, que foi resgatada com “muito
medo”, informou Janaina.

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