Quando o Carnaval chegou oficialmente ao Brasil? Conheça origem da festa
Festa popular, reconhecida como patrimônio cultural imaterial da humanidade, acontece no Brasil há quatro séculos
Se hoje entendemos o Carnaval como sinônimo de desfiles exuberantes e trios elétricos na rua, saiba que ele nem sempre foi assim. Embora sua origem não seja brasileira, foi aqui que a comemoração tomou grandes proporções a ponto de tornar-se patrimônio reconhecido internacionalmente. Para efeito de comparação, estima-se que a festa movimentou cerca de R$ 900 mil na economia do país e atraiu mais de 200 mil turistas em 2024, de acordo com dados da Embratur.
Mas, sua origem remonta a séculos atrás. Voltando ao passado, o primeiro registro da tradição pertence à Europa antes mesmo do Cristianismo, quando o Carnaval significava uma comemoração do período de colheita. Alguns historiadores relacionam algumas tradições da festividade aos mesopotâmicos, gregos e romanos, que tinham o conceito do “mundo de cabeça para baixo”, ou seja, temporariamente fora de ordem para a celebração de prazeres carnais. O culto a Dionísio (ou Baco, para os romanos), deus do vinho, das festas, da alegria e do teatro, é um exemplo disso.
No entanto, com a ascensão do Cristianismo durante a transição da Idade Média para a Idade Moderna, as condições que envolviam a festa mudaram e ela passou a simbolizar o período que antecede a Quaresma, quando os católicos e fieis de algumas outras vertentes cristãs se dedicam à penitência como preparação para a Páscoa. Com uma série de restrições durante este período, o Carnaval era uma forma de extravasar os desejos.
Na Europa, eram populares celebrações como o Entrudo Português e as Festas de Máscaras da Itália. Os entrudos, por exemplo, envolviam a população na brincadeira de jogar água, ovos, farinha e até frutas podres uns nos outros.
CHEGADA DO CARNAVAL AO BRASIL
A colonização portuguesa do Brasil trouxe a festa aos trópicos, mais especificamente à cidade do Rio de Janeiro, no século XVII. Com a participação de muitas pessoas negras escravizadas, a tradição ganhou um cunho popular, enquanto as famílias brancas mantinham o costume de festas privadas e de jogar baldes de água suja pelas janelas para molhar aqueles que festejavam.
Com o passar do tempo, inspirados pela aristocracia europeia, as festas promovidas pela elite se transformaram em bailes de máscaras, que se popularizaram no século XIX. A criação de sociedades carnavalescas contribuiu para levar as festas de volta às ruas. Cada vez com mais adesão popular, o evento ganhou desfiles embalados por músicas como marchinhas e, décadas mais tarde, o samba e gêneros similares, até se tornar a festa que conhecemos atualmente.
Em comparação à longa história, o Carnaval como a conhecemos hoje – com competições entre escolas nos sambódromos e blocos de rua – ainda é recente. O Sambódromo da Marquês de Sapucaí, por exemplo, só foi inaugurado em 1984. Apesar disso, sua importância é tanta que o evento é reconhecido como patrimônio cultural imaterial pela UNESCO desde 2005.