Médica que diz ter sido detida após policiais exigirem atendimento com prioridade é absolvida de acusação de desacato
Médica afirmou ter sido intimidada por policial dentro do hospital e levada à delegacia durante plantão. A acusação alegou que ela ofendeu um dos agentes ao chamá-lo de “doido”.
Médica recebe voz de prisão durante plantão em hospital de Trindade
A médica que denunciou ter sido detida após policiais exigirem atendimento prioritário foi absolvida pela Justiça da acusação de desacato feita pelos agentes. Ela foi levada à delegacia enquanto realizava atendimentos no Hospital Estadual de Trindade (Hetrin), na Região Metropolitana de Goiânia. A profissional afirmou ter sofrido abuso psicológico.
O caso ocorreu em 18 de novembro de 2024, e a sentença foi proferida na última quinta-feira (27). A decisão do juiz Thiago Mehari Ferreira Martins destacou a ausência de elementos que caracterizassem o crime. A Polícia Civil não se posicionou sobre a decisão. O DE não conseguiu contato com os policiais.
A Justiça entendeu que o uso da palavra “doido” por uma médica para se referir a um policial civil não configura crime de desacato. Na decisão, foi destacado que o termo, isoladamente, não possui conotação de menosprezo, humilhação ou desprestígio à autoridade.
A advogada da médica, Luísa Siqueira, ressaltou que, em nenhum momento, a médica desacatou os agentes, “limitando-se a agir em conformidade com os preceitos éticos e legais de sua profissão”. Ao DE, a médica disse que aguardava a sentença sobre a acusação de desacato para entrar com uma ação contra o estado.
De acordo com o processo, os policiais estavam no hospital acompanhando um detento para a realização de um laudo médico quando discutiram com a médica. A acusação alegou que ela ofendeu um dos agentes ao chamá-lo de “doido”. No entanto, no interrogatório, a profissional negou a intenção de insultá-lo. Ela ressaltou que usou a expressão “gritar feito um doido” para se referir ao tom de voz do policial.
A presidente do Conselho Regional de Medicina de Goiás, Sheila Soares Ferro, afirmou em depoimento que desconhecia a realização de exames de corpo de delito no Hetrin, uma vez que essa não é a função do hospital, mas sim do Instituto Médico Legal (IML). Segundo ela, ao tomar conhecimento da prática, questionou o diretor técnico da unidade, que confirmou a realização dos exames devido à falta de médicos especializados.