Chico César compõe frevo ‘Pelo Polo’ em homenagem ao Carnaval do Recife: VÍDEO. Cantor celebra descentralização da festa em bairros.

chico-cesar-compoe-frevo-pelo-polo-em-homenagem-ao-carnaval-do-recife3A-video.-cantor-celebra-descentralizacao-da-festa-em-bairros

Atração do Galo da Madrugada, Chico César compõe frevo sobre o carnaval do Recife e celebra polos descentralizados da cidade; VÍDEO

Canção ‘Pelo polo’ foi composta em quarto de hotel na quarta (26) e apresentada no mesmo dia pelo artista na internet. ‘Fiquei muito inspirado por esse carnaval espalhado’, disse.

‘Pelo polo’: ouça frevo composto por Chico César em homenagem ao carnaval do Recife

Chico César declarou seu amor ao Recife compondo um frevo em homenagem ao carnaval da cidade (veja vídeo acima). A canção “Pelo polo”, apresentada pelo artista nas redes sociais, celebra a “loucura” dos foliões e os diversos polos de animação da festa recifense, em especial os que ficam em bairros da periferia como Ibura, Várzea e Linha do Tiro.

O cantor paraibano é uma das atrações do Galo da Madrugada, que desfila neste Sábado de Zé Pereira (1º). Na música, ele também exalta o cantor Cannibal, vocalista da Banda Devotos, da comunidade do Alto José do Pinho, na Zona Norte da capital pernambucana (confira a letra ao final desta reportagem).

O vídeo em que o compositor canta e toca a música no violão foi gravado na quarta-feira (26), no quarto do hotel onde ele está hospedado, no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. Publicado no Instagram no mesmo dia, o registro recebeu mais de 3 mil curtidas até a manhã desta sexta (28).

Em entrevista ao DE, Chico César contou que teve a ideia de fazer a composição quando viu a programação dos polos descentralizados, que conta com mais de 230 shows em mais de 50 palcos. Esse modelo de festa, com diversos pontos de folia, vigora na cidade desde 2001 (saiba mais abaixo).

> “Fiquei muito inspirado por esse carnaval espalhado pelos polos, por esses lugares tão especiais da cidade. E acho que os polos descentralizam [o carnaval] e criam novos centros. Os bairros são os novos centros, e isso é muito bacana”, disse o músico.

Neste ano, o cantor se apresenta no polo da Várzea, no domingo (2), às 23h40. Além disso, ele participou do Encontro das Nações de Maracatu durante a abertura do carnaval, na quinta (27), e sobe ao palco da Praça do Arsenal, no Bairro do Recife, nesta sexta (28), à meia-noite.

Com 61 anos de idade e mais de três décadas de carreira, o artista contou que sua ligação com o carnaval recifense começou ainda na infância, quando trabalhava numa loja em Catolé do Rocha, cidade do Sertão paraibano onde nasceu.

“Vendia os discos de frevo, os discos carnavalescos, que eram lançados aqui e chegavam lá. Sinto que o frevo, o maracatu e a cultura popular são os elementos mais inspiradores para mim”, afirmou.

Para Chico, o carnaval do Recife é “muito generoso”. “Pernambuco não precisaria buscar artistas de fora, de lugar nenhum. Porque aqui tem uma produção cultural imensa, sempre teve. E é uma produção que vai em várias direções […]. Mas é tão generoso esse carnaval que ele se abre para receber os artistas de fora”, declarou o artista.

A ideia de “descentralizar” a programação de carnaval, criando polos em bairros das zonas Norte e Sul da capital pernambucana, começou a ser implantada em 2001, segundo ano da gestão do ex-prefeito João Paulo (PT), hoje deputado estadual.

Até então, a festa se concentrava no Centro da cidade, com desfile de troças e blocos líricos no Bairro do Recife, e um palco para shows na Avenida Guararapes, em Santo Antônio.

Naquele ano, além do palco na Praça do Marco Zero, no Bairro do Recife, foram criados os primeiros polos descentralizados nos bairros de Casa Amarela, na Zona Norte; da Várzea, na Zona Oeste; e do Ibura, na Zona Sul.

Também foi naquele carnaval que o carnaval de Olinda, sob a gestão da ex-prefeita Luciana Santos (PCdoB), atual ministra de Ciência e Tecnologia, começou a se “descentralizar”, com a criação do Polo Chico Science no Fortim do Queijo. Desde então, o modelo se expandiu, chegando à estrutura que tem hoje, com 51 polos no Recife e sete na cidade vizinha.

Na visão do cantor e compositor Chico César, esse formato ajuda a tornar o carnaval uma festa mais acessível e democrática.

> “É uma forma de democratizar de várias maneiras, primeiro, para o público que vive nessas localidades e que vai ter oportunidade de entrar em contato com vários músicos, artistas, bandas de outros lugares e não vai precisar se deslocar para o Centro. Democratiza também para os artistas, que querem chegar nesses lugares. Acho que é um exemplo perfeito de democracia no carnaval”, afirmou.

Confira a letra de “Pelo polo”:

Vamos embora pro Ibura, meu amor

Vamos embora que o frevo já vem

Vamos embora pra Linha do Tiro

E eu me atiro no frevo também

Na Várzea, no Arsenal

Brincar o carnaval

Saudar a vida louca

No Pinho, Cannibal

Me diz que é bem legal

Não ir é marcar touca

Pular no polo, sentar no colo

Sair do solo e beijar o céu na boca

Tô na Panela, Casa Amarela

Brasília é bela

E no Hemetério dá a gota

🔔Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp