Médico suspeito de crime sexual usa tornozeleira eletrônica

medico-suspeito-de-crime-sexual-usa-tornozeleira-eletronica

Médico suspeito de crime sexual contra adolescente deve usar tornozeleira eletrônica, decide Justiça

Profissional alegou que paciente de 17 anos tinha ‘útero invertido’ para justificar abuso, diz Ministério Público. Defesa afirma que ele é inocente e que possui mais de 30 anos de carreira.

A Justiça determinou que o médico suspeito de crime sexual contra adolescente deve usar tornozeleira eletrônica.

O médico Alfredo Carlos Dias Mattos Junior, que foi denunciado por uma adolescente de 17 anos por abuso sexual, deve usar tornozeleira eletrônica, conforme decisão da Justiça. O homem, condenado anteriormente pelo assassinato da ex-mulher, cometeu o abuso dentro do próprio consultório, no Hospital Ruy Azeredo, em Goiânia, segundo a denúncia do Ministério Público de Goiás (MPGO), obtida com exclusividade pela TV Anhanguera.

A defesa de Carlos Alfredo foi procurada para que pudesse se pronunciar sobre a decisão relativa ao uso de tornozeleira, nesta quinta-feira (6), mas não retornou até a última atualização desta reportagem. Sobre a denúncia, o advogado Roberto Serra da Silva Maia afirmou que ele é inocente e que possui mais de 30 anos de carreira, “sem qualquer histórico de conduta inadequada”. Ele escreveu ainda que o caso “exige serenidade e rigor técnico para evitar pré-julgamentos indevidos” (leia nota completa ao fim do texto).

No texto da decisão, o juiz considerou que os crimes relatados foram praticados “no exercício da medicina, no local de trabalho do acusado”. Além disso, a medida visa impedir que o médico possa fugir.

Anteriormente, o MP havia pedido pela prisão do médico, mas foi negado sob a justificativa de que os argumentos usados pelos promotores foram genéricos e se basearam nos relatos feitos pela suposta vítima e pela mãe dela. Na segunda-feira (3), o órgão entrou com recurso para que o investigado utilize tornozeleira eletrônica, tendo sido atendido pelo Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO).

A Justiça já havia determinado em fevereiro que o médico, que continuava atuando no mesmo hospital onde o crime foi praticado, fique impedido de exercer a medicina. Em nota à TV Anhanguera, na quarta-feira (5), a direção do Hospital Ruy Azeredo informou que não foi notificada da nova decisão. No entanto, ressaltou que Carlos não pertence ao quadro clínico da unidade desde o dia 17 de fevereiro.

O Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) informou que, até quarta-feira (5), também não havia sido noticiado sobre a decisão judicial. Na manhã desta quinta-feira (6), o TJGO destacou que o caso está em segredo de Justiça e, por isso, não há acesso a qualquer informação sobre ele.

LEIA TAMBÉM:

ENTENDA: Médico é denunciado por adolescente por crime sexual durante atendimento para dor no estômago

FALSO PROCEDIMENTO: Médico denunciado por crime sexual contra adolescente alegou que ela tinha ‘útero invertido’ para justificar abuso, diz Ministério Público

DENÚNCIA:…
A
denúncia realizada pelo Ministério Público, diz que o médico atendeu a adolescente em março de 2023. Ele solicitou uma endoscopia e uma ultrassom endovaginal à jovem, após ela ir até o consultório em busca de um tratamento para uma dor no estômago.

No mês seguinte, a adolescente e a mãe levaram para Alfredo os resultados do exame, ele afirmou que ela tinha “anteversão do útero”, conhecida popularmente como “útero invertido”, e que essa era a causa das dores.

O documento relatou que o médico pediu que a adolescente retirasse a blusa, abaixasse a calça e se deitasse na maca para corrigir a posição do útero ali mesmo no consultório. O texto pontuou que Alfredo iniciou a prática de atos libidinosos acariciando as mamas da adolescente, declarando que estava ensinando a fazer o autoexame.

“Em seguida, o denunciado colocou uma luva e introduziu os dedos na vagina da ofendida, manipulando o órgão genital por cerca de um minuto e meio, sob o pretexto de que estaria ‘colocando o útero no lugar’”, afirmou o texto.

Após a vítima sentir dores durante os abusos, a mãe interviu e pediu que o médico parasse, conforme a denúncia. Nesse momento, Alfredo alegou que já havia colocado o útero no lugar, pontuou o MP.

A adolescente e a mãe procuraram um ginecologista, depois do ocorrido, que informou que o procedimento não tinha respaldo técnico. Para a TV Anhanguera, o ginecologista e diretor da Maternidade Nascer Cidadão, Rogério Cândido, reafirmou que o procedimento não existe na ginecologia.

“O argumento para fazer uma mudança na posição do útero na região da vagina é descabido. Não existe esse procedimento no meio médico”, declarou Rogério.

Além disso, na denúncia, os promotores destacaram ainda que outras pacientes já registraram ocorrência contra Alfredo Carlos por práticas semelhantes, “o que demonstra a habitualidade e a gravidade de sua conduta”.

NOTA DA DEFESA DE ALFREDO CARLOS DIAS MATTOS JÚNIOR

Diante da denúncia que envolve o médico Alfredo Carlos Dias Mattos Júnior, sua defesa vem a público reafirmar seu compromisso com a verdade e a devida apuração dos fatos no âmbito do devido processo legal.

É fundamental ressaltar que o Dr. Alfredo possui uma trajetória profissional irrepreensível, com mais de três décadas de dedicação à medicina, tendo atendido milhares de pacientes sem qualquer histórico de conduta inadequada. O caso em questão, que se encontra em fase processual inicial, exige serenidade e rigor técnico para evitar pré-julgamentos indevidos.

A defesa reforça que todas as providências necessárias serão tomadas para esclarecer os fatos e demonstrar a inexistência de qualquer irregularidade. Neste momento, confiamos na Justiça, que certamente conduzirá o processo em respeito aos princípios do contraditório e da ampla defesa.

Reiteramos nossa plena confiança na inocência do Dr. Alfredo e no esclarecimento integral dos fatos, convictos de que a verdade prevalecerá.

VÍDEOS: ÚLTIMAS NOTÍCIAS DE GOIÁS

50 vídeos

🔔Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp