Em todos os lugares: conheça histórias de mulheres que se destacam em profissões
antes dominadas por homens
Neste Dia Internacional da Mulher, o Diário do Estado ouviu as histórias de conquistas de
mulheres que se fazem cada vez mais presente em áreas que, até pouco tempo, eram
predominantemente ocupadas por homens.
O Dia Internacional da Mulher é comemorado neste sábado (8), celebrando a luta
histórica das mulheres por igualdade e reconhecimento em todas as esferas da
sociedade. Ao longo dos anos, elas têm conquistado cada vez mais espaço em áreas
que, até pouco tempo, eram predominantemente ocupadas por homens. Essa conquista
vai além das questões profissionais, refletindo uma transformação cultural
importante que busca corrigir desigualdades e preconceitos enraizados.
Hoje, as mulheres se destacam onde elas quiserem, porque talento e competência
não têm gênero. Um exemplo é o de Cláudia Regina da Silva Leal, de 49 anos,
moradora de Juiz de Fora, que decidiu fazer um curso para se formar como barbeira no final do ano passado. A motivação para
aprender surgiu devido aos pedidos de cortes femininos curtos, no estilo
realizado tradicionalmente nas barbearias masculinas.
Cláudia fez curso de barbearia para aprender a fazer barbas e cortes de cabelo
mais curtos em Juiz de Fora. Como já tenho um salão, comecei a receber pedidos por cortes mais curtos,
semelhantes ao que faço no meu cabelo. Por isso, precisava me aperfeiçoar para
me tornar uma referência aqui em Juiz de Fora, e está sendo ótimo, porque
nunca imaginei fazer uma barba ou um disfarçado em cabelo masculino, já que
meu foco sempre foi cabelo feminino.
Em maio, ela finaliza o curso e se especializa em uma área até então era mais
dominada por homens. “Minhas clientes estão ansiosas para que eu comece a cuidar
dos cabelos e barbas dos esposos”, disse.
Assim como Cláudia, Gilcilene Cardoso, de 35 anos, também está abrindo portas
para outras mulheres atuarem em profissões dominadas por homens. Ela se tornou a
primeira motorista da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) em 2022, atuando nas viagens
de estudantes e professores para atividades fora do campus.
Gilcilene Cardoso é a primeira motorista da Universidade Federal de Juiz
de Fora (UFJF). Com 10 anos, eu via uma motorista de ônibus passando e dizia que queria ser
igual a ela. Sempre quis trabalhar como motorista, mas foi difícil chegar até
aqui, porque as oportunidades não são tão fáceis quanto para os homens. Tentei
em várias empresas e sempre fui questionada por ser mulher, não ter
experiência e não ter força para carregar as cargas, contou.
Interessadas em esportes, as mulheres continuam marcando presença e sendo exemplo de determinação e superação. Fernanda Silveira é treinadora de basquete há 14 anos em Juiz de Fora. Desde então, sabia que faria parte da minha vida para sempre, e aos 17 anos,
resolvi que seria a minha profissão.
O caminho de Fernanda no ambiente predominantemente masculino não foi fácil. Comecei muito nova, aos 21 anos, e isso era
inconcebível para homens de 40, 50 anos. Uma menina querer estar na mesma
profissão de treinadora que eles… Sempre fui a menina que queria ‘brincar’ de
ser treinadora. Mas depois conquistei o respeito deles em quadra, com o tempo.
Outro destaque da área esportiva é Karolina Porfirio, de 32 anos, faixa preta e professora de jiu-jitsu. Mesmo meus professores e colegas de treino sendo muito cuidadosos comigo, na
época eu ainda ouvia muitas falas, comportamentos machistas e olhares. Há
cerca de 12 anos, quando comecei, foi complicado, pois era a única mulher no
tatame, e isso perdurou por uns cinco anos, até começar a ter mais mulheres
nas aulas.
Zélia Ludwig, professora e pesquisadora do Departamento de Física da UFJF, destaca a importância da educação para transformar a realidade das mulheres nas áreas consideradas masculinas. Precisamos dar visibilidade à trajetória, contribuição e participação
das mulheres em todos os setores da sociedade e da academia, concluiu.