Veja como avançaram as promessas de Lula para as mulheres em 2 anos
Levantamento da CNN mostra que governo cumpriu compromissos como a criação do
Ministério das Mulheres e a Lei da Igualdade Salarial, mas enfrenta desafios em
áreas como violência e representatividade feminina
No Dia Internacional da Mulher, a CNN analisou o andamento de seis promessas de
campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltadas para as mulheres.
A análise, baseada em compromissos presentes no Plano de Governo de Lula,
verificou as medidas implementadas ou em andamento desde 2023. Após dois anos de
governo, veja o status de cada uma das propostas:
CRIAÇÃO DO MINISTÉRIO DAS MULHERES
Logo no início do mandato, em janeiro de 2023, Lula criou o Ministério das
Mulheres, uma pasta independente destinada a coordenar políticas públicas para a
igualdade de gênero, combate à violência e promoção dos direitos das mulheres.
Essa foi a primeira vez que mulheres tiveram um ministério exclusivo em um
governo federal.
COMBATE À VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER
Em março de 2023, Lula assinou um decreto que retomou o Programa Mulher Viver
sem Violência. O programa articula atendimentos especializados nas áreas de
saúde, segurança pública, justiça, rede socioassistencial e promoção da
autonomia financeira, sob a coordenação do Ministério das Mulheres. Um dos
principais pontos do projeto é a implementação da Casa da Mulher Brasileira, que
oferece atendimento integrado para vítimas de violência.
Além disso, o programa visa aprimorar a Central de Atendimento à Mulher (Ligue
180), criar unidades móveis para atendimento em locais sem oferta de serviços
especializados e promover campanhas contínuas de conscientização sobre o
enfrentamento de todas as formas de violência contra as mulheres.
Em junho de 2023, Lula também sancionou uma lei que determina que União,
estados, Distrito Federal e municípios criem um plano de metas para o
enfrentamento integrado de todos os tipos de violência contra a mulher, com
validade de dez anos. A lei prevê a criação da Rede Estadual de Enfrentamento à
Violência contra a Mulher e da Rede de Atendimento à Mulher em Situação de
Violência.
No entanto, mesmo com essas medidas, os dados apontam um aumento na violência
contra a mulher. O Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024, que analisa
dados de 2023 – portanto, comente o primeiro ano das medidas – aponta um
crescimento de 9,8% nos casos de violência doméstica, 33,8% nos casos de
violência psicológica, 7,1% nas tentativas de feminicídio e 28,5% em casos de
assédio sexual.
LEI DA IGUALDADE SALARIAL
Em julho de 2023, o governo sancionou a Lei da Igualdade Salarial, uma das
principais promessas de campanha. A legislação determina que empresas com mais de 100 funcionários devem garantir
salários iguais para homens e mulheres no mesmo cargo.
A norma também prevê a publicação de relatórios semestrais sobre a transparência
salarial e proíbe discriminação salarial por motivo de sexo, raça ou etnia, com
possibilidade de ação por danos morais.
MAIOR PARTICIPAÇÃO FEMININA NO ALTO ESCALÃO
Outra promessa de Lula durante a campanha foi aumentar a presença de mulheres em
cargos de liderança no governo e em outras instituições de relevância. Logo no
início de seu mandato, o presidente nomeou 11 mulheres para ministérios,
alcançando um recorde histórico na Esplanada. No entanto, desde então, três
dessas ministras foram demitidas e substituídas por homens: Daniela Carneiro (Turismo), Ana Moser (Esportes) e Nísia Trindade (Saúde).
A representatividade feminina no Judiciário também tem gerado críticas a Lula.
Desde o início de seu terceiro mandato, o presidente teve a oportunidade de
indicar dois ministros ao Supremo Tribunal Federal (STF). Um deles seria para
ocupar a vaga da ministra aposentada Rosa Weber. Lula escolheu Flávio Dino e
Cristiano Zanin, reduzindo o número de mulheres na Corte.
No Superior Tribunal Militar, Lula pôde indicar dois novos ministros durante
este mandato. Uma das indicações foi Verônica Sterman, anunciada neste sábado
(8).
No Superior Tribunal de Justiça (STJ), Lula já fez três indicações. Somente uma
delas foi mulher: a ministra Daniela Rodrigues, em 2023. Há hoje duas novas
vagas abertas com a aposentadoria das ministras Assusete Magalhães e Laurita
Vaz, que ainda aguardam definições.
Uma possível substituição de duas ministras por homens no STJ tem aumentado as
cobranças sobre a representatividade feminina no governo e no Judiciário,
especialmente após a demissão de Nísia Trindade em fevereiro de 2025.
BENEFÍCIO EXTRA POR FILHO NO BOLSA FAMÍLIA
Uma dos compromissos de Lula com as mulheres se referia a ampliação do Bolsa
Família. Em março de 2023, o presidente sancionou uma medida provisória que
estabeleceu o pagamento mínimo de R$ 600 para famílias com renda de até R$ 218
por mês. Nesse pacote, foi criado o Benefício Primeira Infância, que garante R$
150 adicionais para cada criança de até seis anos, além de R$ 50 por cada membro
da família que tenha entre 7 e 18 anos ou que estejam em período de gestação ou
lactação.
AUMENTO DE MATRÍCULAS EM TEMPO INTEGRAL NAS ESCOLAS
Outra principal promessa foi aumentar as matrículas de crianças em creches e
expandir a oferta de educação em tempo integral. De acordo com o Censo Escolar
de 2023, houve de fato um aumento de 5,3% nas matrículas em creches públicas
naquele ano.
No entanto, o número de crianças que aguardam vaga em creches públicas ainda é
alto: 632.763 crianças estão em fila de espera. Em quase metade dos municípios
brasileiros (44%), há crianças aguardando por vagas na educação infantil. Esses
dados foram obtidos do estudo “Retrato da Educação Infantil no Brasil – Acesso e
Disponibilidade de Vagas”, realizado pelo Gabinete de Articulação para a
Efetividade da Política da Educação no Brasil (Gaepe-Brasil), em parceria com o
Ministério da Educação (MEC), e são do segundo semestre de 2024.
Em maio de 2023, o governo lançou o Programa Escola em Tempo Integral, com o
objetivo de ampliar em 1 milhão o número de matrículas em tempo integral nas
escolas de educação básica de todo o Brasil. A meta é alcançar 3,2 milhões de
matrículas até 2026.
O Censo Escolar de 2023 também revelou que, naquele ano, mais da metade (57,9%)
das crianças na educação infantil estavam matriculadas em tempo integral. No
ensino fundamental, o número de matrículas em tempo integral aumentou cerca de
2% de 2022 para 2023.