A Ministra da Cultura, Margareth Menezes, criticou o argumento do juiz da Liesa que resultou na perda de ponto da Unidos de Padre Miguel por ‘excesso de termos em Iorubá’. Segundo ela, essa penalização é um desrespeito à nossa ancestralidade e à cultura afro-brasileira, que tem o Iorubá como uma das línguas fundamentais. A crítica foi feita nas redes sociais da ministra, em apoio à escola de samba.
O enredo da Unidos de Padre Miguel para o Carnaval deste ano contou a história da africana Iyá Nassô e do Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho, um dos templos afro-brasileiros mais antigos ainda em funcionamento. A escola defendeu que as palavras em Iorubá presentes no samba e no enredo são essenciais para vivenciar o Axé da Casa Branca e para resistir, contextualizando a vida de Iyá Nassô.
Após receber a nota 9,9, a UPM considerou a situação como inaceitável e destacou que a penalização por ‘excesso de termos em Iorubá’ evidencia o racismo religioso presente no Brasil. A escola acredita que sua oralidade sagrada não pode ser considerada um erro ou um excesso, devendo ser valorizada e respeitada.
A Unidos de Padre Miguel encerrou o Carnaval na última colocação do Grupo Especial do Rio de Janeiro, sendo rebaixada para a Série Ouro. Isso gerou protestos por parte dos integrantes da escola, que se mobilizaram para contestar a decisão da Liesa. A UPM destacou que identificou graves inconsistências nas justificativas apresentadas e argumentou que a penalização em quesitos específicos foi devido a uma falha técnica no caminhão de som, não de responsabilidade da escola.
Diante das irregularidades encontradas, a Unidos de Padre Miguel está se preparando para entrar com um recurso na Liesa, baseado em uma análise detalhada das justificativas. O objetivo é contestar a decisão de rebaixamento, buscando garantir o respeito, a igualdade e o reconhecimento do trabalho de toda a comunidade da escola. A luta pela valorização da cultura afro-brasileira segue como pauta central nesse embate.