Presidente da Liesa defende escola rebaixada: UPM sofreu preconceito no Carnaval do Rio

presidente-da-liesa-defende-escola-rebaixada3A-upm-sofreu-preconceito-no-carnaval-do-rio

UPM foi ‘mal julgada’ e ‘sofreu preconceito’, diz presidente da Liesa sobre escola rebaixada no carnaval do Rio

O presidente Gabriel David afirmou ainda que a jurada não será renovada para 2026 e que entende que ‘há preconceito com escolas que sobem’.

Desfile da Unidos de Padre Miguel, no Rio de Janeiro. — Foto: Stephanie Rodrigues/g1

O presidente da Liesa afirmou, no início do desfile das Campeãs do Rio neste sábado (8), que acredita que a Unidos de Padre Miguel (UPM) foi subestimada por ser uma escola recém-chegada no Grupo Especial.

Para Gabriel David, a escola sofreu preconceito e foi mal julgada. Em relação à jurada que afirmou que a escola usou muitos termos em iorubá (língua proveniente do continente africano e muito reverenciada nas religiões de matrizes africanas no Brasil), ele disse que a jurada não será renovada e que as escolas precisam ter liberdade ao montar seus carnavais.

> “A UPM apresentou um requerimento que foi aceito. Isso é, será feita uma plenária com todas as 12 escolas e a UPM para discutir essa questão. O prazo é de 15 dias para isso acontecer e lá a UPM vai apresentar seus argumentos e os presidentes das escolas decidirão o que vai acontecer”, explica Gabriel David.

Questionado se a escola poderia, então, retornar ao Grupo Especial, David explicou que desde 2019 há um TAC assinado entre a Liesa e o Ministério Público reafirmando que a liga não pode interferir no resultado depois da Quarta-Feira de Cinzas.

> “Por conta disso, teremos que sentar com o Ministério Público para entender o que pode ser feito dependendo da decisão dos presidentes das escolas”, destaca.

Integrantes da Unidos de Padre Miguel se levantam e deixam a Cidade do Samba

O enredo da UPM esse ano contou a trajetória da africana Iyá Nassô e do Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho, conhecido como o mais antigo templo afro-brasileiro ainda em funcionamento.

“Isso não é só um erro de julgamento, é um desrespeito à nossa ancestralidade. O samba nasceu da resistência! Todo apoio à Unidos de Padre Miguel e a todas as escolas que levam a cultura afro-brasileira para a avenida com orgulho!”, afirmou Margareth.

Segundo o argumento da escola, “as palavras em iorubá do samba e do enredo são fundamentais primeiro como vivência do Axé da Casa Branca, e, segundo, como forma de resistência do Axé de Iyá Nassô, iorubá de Oyó, contextualizando sua vida e sua trajetória”, justificou a escola na apresentação do enredo desse ano.

Unidos de Padre Miguel perde ponto por excesso de termos em Iorubá

Após tomar conhecimento da nota 9,9, a UPM classificou a situação como “inaceitável”.

“A penalização da Unidos de Padre Miguel por “excesso de termos em iorubá” escancara o racismo religioso que ainda persiste no Brasil. Nossa oralidade sagrada não é erro, não é excesso e muito menos pode ser silenciada”, disse em rede social.

A Vermelha e Branca da Zona Oeste terminou em último lugar entre as 12 do Grupo Especial do Rio de Janeiro, 1.1 ponto atrás da “vizinha” Mocidade Independente de Padre Miguel. E desceu para a Série Ouro do carnaval do Rio.

Em meio à polêmica, a ministra da Cultura criticou, através de suas redes sociais, a perda de ponto da UPM por utilizar “excesso de termos em Iorubá”.

> “Inaceitável! A Unidos de Padre Miguel perdeu pontos no Carnaval porque usou “excesso de termos em Iorubá” no seu samba-enredo. Como assim? O Iorubá é uma das línguas que formam nossa cultura, está na raiz do samba, das religiões de matriz africana, na história do Brasil!”, criticou Margareth Menezes.

RECURSO

A Unidos de Padre Miguel (UPM) informou nesta sexta-feira (7) que entrará com um recurso na Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) contra o resultado do carnaval 2025, que a rebaixou à Série Ouro.

“Durante a revisão das justificativas, foram identificadas inconsistências graves, incluindo penalizações em quesitos específicos devido a uma falha técnica no caminhão de som — um problema alheio à responsabilidade da Unidos de Padre Miguel e que, portanto, não deveria ter resultado em perda de pontos”, explicou.

“Diante dessas e outras irregularidades, a escola buscará os meios adequados para contestar a decisão, sempre pautada no respeito, na isonomia e na valorização do trabalho de toda a sua comunidade.”

🔔Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp