A vitória da Beija-Flor no terreiro de Laíla foi um momento marcante para o carnavalesco João Vitor Araújo, de 39 anos, após o trauma de um oitavo lugar no ano passado. Ele atribui o sucesso deste ano a um aprendizado com artistas mais velhos e a uma conexão espiritual com o homenageado, que resultou em um desfile 100% preto. Em um momento de descanso após ajustar as alegorias para o Desfile das Campeãs, João Vitor presenciou a festa na quadra da escola e sentiu a emoção de ser campeão, compartilhando o momento com os torcedores.
Apesar da festa e do reconhecimento nas redes sociais, João Vitor mantém um pé atrás diante da vitória, consciente das críticas e dos desafios que enfrenta como carnavalesco. No entanto, ele reconhece o apoio da Beija-Flor, que não considerou sua demissão após o resultado do ano passado. O tema do enredo deste ano, em homenagem a Laíla, permitiu ao carnavalesco sonhar com o homenageado e construir um desfile cheio de significado e ancestralidade.
A preparação para o desfile incluiu entrevistas com familiares, amigos e colegas de Laíla, além da saudosa colaboração da carnavalesca Rosa Magalhães, que compartilhou memórias valiosas do tempo em que trabalhou com o homenageado. O enredo baseado na oralidade exigiu um cuidadoso trabalho de pesquisa e resgate da história de Laíla, resultando em um desfile objetivo e representativo, fiel à essência da Beija-Flor e de seu homenageado.
João Vitor também destaca a importância de enredos afro no cenário do carnaval, rebatendo críticas e reafirmando a diversidade e singularidade de cada proposta. A vitória da Beija-Flor neste ano é celebrada não apenas como um título, mas como um marco histórico de representatividade e reconhecimento, com um presidente e um carnavalesco negros falando da cultura e da história de um homem negro. Este momento, segundo ele, é único e merece ser enaltecido por sua relevância no contexto atual.
Com uma jornada marcada por desafios, aprendizados e superações, João Vitor Araújo destaca a importância de respeitar a ancestralidade e a diversidade cultural no universo do carnaval. Seu trabalho como carnavalesco da Beija-Flor reflete não apenas sua paixão pela folia, mas também seu compromisso em contar histórias, preservar tradições e promover a inclusão e o respeito em cada desfile. A vitória deste ano é um testemunho de sua dedicação e talento, consolidando seu nome entre os grandes nomes do carnaval brasileiro.