Graduado pela universidade Salgado de Oliveira, de Goiânia, e especialista em design estratégico em fashion design pelo IED (Instituto Europeo de Design), Raphael Aquino (35) é o diretor criativo da Jacobina, marca jovem que é vendida na Coolab , que fica em um anexo ao Café Evoe , no Imerse – ambos no Setor Sul – e no ateliê da marca que fica no Setor Campinas. Raphael estreia uma nova fase da coluna que, quinzenalmente, vai fazer um raio-X com os nomes do mercado de moda que se destacam em Goiás. Nesta entrevista, o estilista fala da sua trajetória, da falta de incentivo do Governo do Estado em apoiar a criatividade da moda local e da sua paixão pela arte.
Quando e como surgiu a marca Jacobina?
A marca sempre foi meu sonho e o objetivo desde de quando decidi fazer moda. Em 2014 surgiu a oportunidade de começar a colocar esse sonho em pratica. Apesar da minha experiência de ter trabalhado em outras empresas, surgiu algumas dificuldades, principalmente na área financeira, como toda empresa pequena enfrenta. Resolvi dar um tempo e voltei em 2017 com a marca totalmente reformulada.
Em qual seguimento você atua?
Costumo dizer que na Jacobina nós temos três araras: a masculina, a feminina e a genderless, que é uma roupa sem gênero. Buscamos referências no sportwear, na alfaiataria e nas artes.
Conte um pouco sobre as parcerias com o artistas locais?
Sou um apreciador das artes, porém não sou um expert no assunto. Desde da primeira coleção busquei colocar em prática essa união da moda e da arte nas minhas criações, que já era demonstrada desde da faculdade. O primeiro artista convidado foi Marcelo Henrique, que já era meu amigo. O Max Miranda, que está na coleção atual, não conhecia pessoalmente. Mas já apreciava o trabalho dele há algum tempo.
Qual das parcerias que foi mais rentável para a marca? Qual peça teve mais procura?
As duas parcerias foram muito boas para a marca, tivemos crescimento em vários aspectos principalmente no intelecto. Na coleção Brest, com a parceria do Marcelo Henrique tivemos uma camiseta branca com desenho de dois marinheiros que foi muito bem aceita. Agora na coleção Raízes temos um moletom com uma estampa de um rosto que o Max criou que é um sucesso.
Você tem uma clientela local ou vende para outras cidades?
Tenho um público cativo em Goiânia e vendo também no interior do Estado.
Como é fazer moda em Goiás?
Não é fácil. Neste momento o mercado local sofre muito quando se refere a moda. Não temos nenhum apoio ou incentivo do Governo do Estado para desenvolver nosso potencial criativo, já que os designers são empreendedores individuais e a maioria conta com poucos recursos. Se o Estado ajudasse com algum incentivo, poderíamos desenvolver um trabalho mais elaborado, com mais pesquisa e conceito. Hoje Goiânia é conhecida por seu potencial em confecção de roupas, não pelo conceito de moda.
Já pensou em apresentar um projeto para o Governo, juntamente com outras marcas com o mesmo pensamento, para facilitar essa falta de incentivo?
Penso que poderia existir um sindicato, uma união de marcas e estilistas, para montar uma ação. Quem sabe essa seria a solução para mudar esse quadro atual.
O que planeja para o futuro da marca? Pensa em expandir seus negócios? Como?
Tenho muitos planos para o futuro da Jacobina. Mais galgando degrau por degrau. A princípio tenho plano para uma loja ou showroom. Também quero expandir em todo território nacional em lojas de multimarcas.
Me fala sobre a coleção atual?
A inspiração da coleção parte das nossas origens. A origem do Brasil, e nossa cultura e vai ser dividida em duas partes, nesse primeiro momento escolho homenagear a África, a cultura, a crença e costumes de um continente rico e forte que contribuiu muito com nossa formação cultural. E através dela gostaria muito que as pessoas refletissem muito, mas muito mesmo, sobre a nossa origem. Por isso a coleção e intitulada Raízes.