A Libra (Liga do Futebol Brasileiro) e a LFU (Liga Forte União), que representam os principais clubes do país, enviaram uma carta à Fifa nesta segunda-feira em que pedem a intervenção da entidade no combate ao racismo na América do Sul. No documento, citam o histórico de casos recentes – como o da semana passada, contra o atacante Luighi, do Palmeiras, em jogo da Libertadores sub-20 – e cobram medidas mais duras para coibir novos episódios. As duas entidades sugerem a responsabilização dos clubes, com multa de US$ 500 mil (quase R$ 3 milhões) – reduzida para US$ 100 mil (R$ 585 mil) se o torcedor envolvido for identificado e processado criminalmente – e possibilidade de eliminação da equipe do torneio em caso de reincidência.
O movimento é liderado pelo Palmeiras, que no domingo criticou a punição aplicada pela Conmebol ao Cerro Porteño, rival do clube no duelo em que Luighi foi ofendido por torcedores locais. A entidade multou os paraguaios em US$ 50 mil (cerca de R$ 288 mil), determinou jogos com portões fechados e que o Cerro promova uma campanha educativa em suas redes. A Sociedade Esportiva Palmeiras discorda com veemência das punições extremamente brandas aplicadas pela CONMEBOL ao Cerro Porteño-PAR em razão dos ataques racistas sofridos por nossos atletas em jogo disputado pela Libertadores Sub-20, na quinta-feira (6), em Assunção, no Paraguai, diz parte da nota divulgada pelo clube no domingo.
Com exceção da medida educativa adotada (campanha antirracista nas redes sociais do clube infrator), tratam-se de penas inócuas diante da gravidade dos fatos ocorridos e, portanto, insuficientes para combater os reiterados casos de discriminação racial no futebol sul-americano. Vítima de racismo, Luighi faz novo desabafo e pede mais rigor nas punições. Na imagem, Luighi, do Palmeiras, chora ao sofrer racismo na Conmebol Libertadores Sub-20. A falta de punições mais severas para casos de racismo no futebol tem sido uma preocupação constante de diversos atletas e entidades esportivas.
A Libra e LFU desejam, com essa carta à Fifa, aumentar a pressão sobre os órgãos responsáveis para que medidas mais concretas sejam tomadas no combate ao racismo. A proposta de multas pesadas e até eliminação dos torneios para clubes que não combatem de forma efetiva a discriminação racial busca criar um ambiente mais seguro e respeitoso para todos os jogadores. Resta agora aguardar a resposta da Fifa e ver se as sugestões das entidades brasileiras serão acatadas e postas em prática em toda a América do Sul.