Politica 2.0: aplicativos que ajudam a escolher o candidato e a cobrá-lo depois

O modelo de mandato compartilhado por aplicativo vem sendo testado desde 2017 por pelo menos cinco vereadores de Minas Gerais, São Paulo e Santa Catarina, demonstrando como a tecnologia vem influenciando a política no Brasil.

O vereador Gabriel Azevedo (PHS), de Belo Horizonte, é pioneiro na utilização de aplicativos. Em entrevista para o El País, Azevedo diz que mudou o voto três vezes por conta da indicação de seus eleitores no dispositivo Meu Vereador. “A primeira vez foi na votação sobre o dia de conscientização do lúpus ou algo assim, e as pessoas votaram mais “não” do que “sim”. Eles foram no meu facebook justificar: “a gente acha que a Câmara não deve ficar criando data comemorativa”. Agora, quando alguém propõe data, eu já voto não”, conta.

Segundo o vereador, a última enquete contou com a participação de 5.633 pessoas. A ferramenta serviu de modelo para o aplicativo Nosso Mandato, desenvolvido pelo Instituto de Inteligência Política e utilizado por vereadores como Rodrigo Coelho (PSB, Joinville) e Janaína Lima (Novo, São Paulo).

Caso os parlamentares não estiverem conectados, os leitores podem monitorá-los por outras plataformas, como o aplicativo Monitora, Brasil, que permite comparar quanto e como cada senador gastou da verba de gabinete ou quantas vezes um deputado faltou a sessões. O jogo Super Cidadão, uma espécie de Super Trunfo, também põe o desempenho dos parlamentares em perspectiva, por projetos apresentados ou emendas liberadas, entre outros.

Outra forma de se informar é baixar o  plug-in Vigie Aqui, que permite identificar pelo nome, em seu navegador, políticos que enfrentam problemas a justiça. O dispositivo desenvolvido pelo Instituto Reclame Aqui ganhou recentemente uma versão em aplicativo chamada Detector de Ficha de Político, que permite ao eleitor tirar a foto de um santinho ou de um outdoor e receber informações sobre o status jurídico do candidato. Segundo o El País, Maurício Vargas, presidente do Instituto Reclame Aqui, afirmou que o aplicativo já foi baixado mais de 1 milhão de vezes e conta com 900 políticos cadastrados.

Jogos

Para além de ferramentas de acompanhamento e fiscalização, os programadores brasileiros também têm usado jogos para fazer críticas políticas ou chamar atenção para seus trabalhos. Em SOS SUS, o jogador deve ajudar o Sistema Único de Saúde a obter recursos, “só cuidado com os desvios do Pixuleco”, alerta a discrição do jogo.

Em “Corra, Companheiro”, um personagem alusivo ao ex-presidente Lula tenta escapar de policiais e desviar de coxinhas. Ao pegar a “super estrela”, uma estrela vermelha, é protegido pelo “povo”, que retarda os agentes da lei. Em Bolsomito, o deputado federal e pré-candidato a presidência Jair Bolsonaro (PSL-RJ) precisa desviar de desafetos, como o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ). Em Run Dilma, a ex-presidenta Dilma Rousseff pula adversários como o deputado cassado Eduardo Cunha — o mesmo criador desenvolveu Mr. Trust, em que Cunha precisa pular personagens como o “mordomo golpista” e “Gilpraia” para avançar.

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Anvisa atualiza regras sobre implantes hormonais

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou nesta sexta-feira (22) no Diário Oficial da Uniãoresolução que atualiza as regras sobre o uso de implantes hormonais, popularmente conhecidos como chips da beleza. O dispositivo, segundo definição da própria agência, mistura diversos hormônios – inclusive substâncias que não possuem avaliação de segurança para esse formato de uso.

A nova resolução mantém a proibição de manipulação, comercialização e uso de implantes hormonais com esteroides anabolizantes ou hormônios androgênicos para fins estéticos, ganho de massa muscular ou melhora no desempenho esportivo. O texto também proíbe a propaganda de todos os implantes hormonais manipulados ao público em geral.

“Uma novidade significativa dessa norma é a corresponsabilidade atribuída às farmácias de manipulação, que agora podem ser responsabilizadas em casos de má prescrição ou uso inadequado indicado por profissionais de saúde. Essa medida amplia a fiscalização e promove maior segurança para os pacientes, exigindo mais responsabilidade de todos os envolvidos no processo”, disse em nota Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbenm).

“É importante destacar que essa nova resolução não significa aprovação do uso de implantes hormonais nem garante sua segurança. Ao contrário, reforça a necessidade de cautela e soma-se à resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), que já proibia a prescrição de implantes sem comprovação científica de eficácia e segurança”, destacou a nota.

Entenda

Em outubro, outra resolução da Anvisa havia suspendido, de forma generalizada, a manipulação, a comercialização, a propaganda e o uso de implantes hormonais. À época, a agência classificou a medida como preventiva e detalhou que a decisão foi motivada por denúncias de entidades médicas como a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) que apontavam aumento no atendimento de pacientes com problemas.

Na avaliação da Sbem, a nova resolução atende à necessidade de ajustes regulatórios em relação a publicação anterior. A entidade também avalia a decisão de proibir a propaganda desse tipo de dispositivo como importante “para combater a desinformação e proliferação de pseudoespecialistas, sem o conhecimento médico adequado, comuns nas redes sociais”.

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