Peixe-leão: ameaça ecológica e perigo para seres humanos no litoral brasileiro

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Peixe-leão: entenda como espécie invasora ameaça equilíbrio ecológico e pode ser perigosa para seres humanos

A espécie tem 18 espinhos que contêm toxina que pode ser prejudicial à saúde humana. Sem predadores naturais no litoral brasileiro, animal tem se reproduzido de forma rápida e preocupado pesquisadores.

Peixe-leão de 49 centímetros é capturado em Fernando de Noronha/ Imagem Danielle Laure

Mergulhadores treinados pelo Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio) capturaram em Fernando de Noronha o que pode ser o maior peixe-leão já registrado no mundo, com 49 centímetros. A espécie tem se espalhado pelo litoral brasileiro, causando preocupação pelo desequilíbrio ambiental e também por ser perigosa para os seres humanos.

Nessa reportagem você vai saber:

– Quais foram os primeiros registros de peixe-leão no Brasil?
– Qual a origem do peixe-leão e por que é um invasor?
– Quais os riscos para o meio ambiente e para os seres humanos?
– Como o Brasil tem lidado com o problema?
– O que fazer em caso de acidente ou de avistar um peixe-leão?

QUAIS OS PRIMEIROS REGISTROS DE PEIXE-LEÃO NO BRASIL?

As primeiras ocorrências de peixe-leão no Brasil aconteceram em 2014 e 2015, no litoral do Rio de Janeiro. Em 2020 houve o primeiro registro de captura da espécie em Fernando de Noronha; também em 2020, no Ceará, um pescador pisou num peixe-leão e precisou ser internado depois de ter dores, convulsões e paradas cardíacas; desde então, diversos estados brasileiros têm notificado a ocorrência de peixes-leão.

QUAL A ORIGEM DO PEIXE-LEÃO E POR QUE É UM “INVASOR”?

O nome científico do peixe-leão é Pterois volitans; a espécie é originária da região dos oceanos Índico e Pacífico e não se sabe exatamente como chegou ao litoral brasileiro. Uma das hipóteses é que correntes marinhas tenham trazido larvas ou peixes-leão da região do Caribe, onde também são invasores; segundo o doutor em biologia marinha Pedro Pereira, do projeto Conservação Recifal, uma das teorias estudadas diz que a espécie chegou ao Caribe depois que um furacão destruiu uma loja de aquários no estado da Flórida, nos Estados Unidos; outra possibilidade, segundo o biólogo, é a de que pessoas soltaram exemplares do peixe no mar do Caribe intencionalmente; segundo o ICMBio, as primeiras aparições da espécie no Brasil foram em Arraial do Cabo, no litoral do Rio de Janeiro, em 2014 e 2015; em dezembro de 2020, o primeiro peixe-leão foi capturado em Fernando de Noronha. Depois, apenas em 3 de agosto de 2021 foi encontrado o segundo animal; a partir daí, outros estados relataram a presença desses animais.

QUAIS OS RISCOS PARA O MEIO AMBIENTE E PARA OS SERES HUMANOS?

A presença da espécie no litoral brasileiro é considerada preocupante porque os peixes-leão não têm predadores naturais aqui, podendo se reproduzir de forma acelerada; ao mesmo tempo, podem se alimentar de espécies endêmicas, ou seja, que só ocorrem na costa brasileira, ameaçando a existência delas e causando desequilíbrio ecológico; em Fernando de Noronha, após analisar o conteúdo do estômago de peixes-leão, pesquisadores constataram que o peixe-leão tem se alimentado de outros peixes do arquipélago e se reproduzindo na região; a espécie é predatória e pode consumir até 20 peixes em apenas 30 minutos; além disso, se reproduz rapidamente e consegue colocar até 30 mil ovos de uma vez; normalmente esses animais estão concentrados em águas mais profundas, mas há uma tendência de migrarem para regiões rasas; para os seres humanos, os peixes-leão são perigosos porque têm espinhos que contêm uma toxina que pode causar reações como vermelhidão, febre e até convulsões.

COMO O BRASIL TEM LIDADO COM O PROBLEMA?

Órgãos ambientais têm feito ações de educação, capacitação de mergulhadores e pescadores, mapeamentos e remoção dos animais encontrados; o ICMBio tem realizado treinamentos com mergulhadores e pescadores em Fernando de Noronha – para que possam identificar a espécie; os mergulhadores têm autorização de capturar os animais no Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha; os peixes recolhidos são medidos, pesados e enviados para análise nas seguintes instituições: Projeto Conservação Recifal; Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); Universidade Federal Fluminense (UFF); Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN); Universidade Federal de Alagoas (Ufal); o maior animal capturado em Fernando de Noronha até agora mediu 49 centímetros e pode ser o maior exemplar da espécie já registrado no mundo; uma alternativa avaliada para controlar a população de peixe-leão é liberar o consumo da espécie, mas ainda precisa de regulamentação; o ICMBio oferece capacitações para captura do peixe-leão a operadoras de mergulho. Empresas interessadas podem entrar em contato pelo telefone: (81) 9115-6860.

O QUE FAZER EM CASO DE ACIDENTE OU AVISTAMENTO DE UM PEIXE-LEÃO?

O peixe-leão pode ser encontrado em profundidades que variam de dois a 300 metros. O animal tem 18 espinhos com toxinas que podem ser prejudiciais à saúde humana; se uma pessoa for ferida pelos espinhos, esse “veneno” pode causar dor, náuseas e, em casos mais graves, convulsões; é preciso cuidado ao manusear o animal, para não se machucar; se for atingida por um peixe-leão, deve-se lavar a área imediatamente com água quente, para diminuir a dor, e procurar ajuda médica; no caso de avistar um peixe-leão, é importante buscar ajuda para reduzir os danos causados por esses “invasores”; uma das opções é entrar em contato com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), pelo telefone: 0800 61 8080. O número funciona em todo o Brasil e recebe informações sobre avistamentos de peixes-leão e outras ocorrências relacionadas à fauna e flora.

Ocorrência do peixe-leão em Fernando de Noronha:

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