Estudo revela razão por trás do maior risco de Parkinson em homens: resposta imune a proteína cerebral

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Pesquisa descobre por que homens têm o dobro de risco de ter Parkinson

Estudo revela que resposta imune a proteína cerebral pode explicar maior prevalência da doença em pacientes do sexo masculino

Homens têm duas vezes mais risco de desenvolver a doença de Parkinson do que mulheres, e um novo estudo sugere que a resposta do sistema imunológico a uma proteína cerebral pode ser a chave para entender essa disparidade.

A investigação aponta que a proteína PINK1, normalmente inofensiva e produzida pelo próprio organismo, se torna alvo de ataques do sistema imunológico em pacientes com Parkinson, especialmente nos homens.

A pesquisa foi liderada pelo Instituto de Imunologia La Jolla, nos Estados Unidos, e publicada na edição de janeiro do Journal of Clinical Investigation.

RESPOSTA IMUNE MARCANTE EM HOMENS

A PINK1 desempenha um papel crucial na regulação da energia celular no cérebro. No entanto, em alguns casos de Parkinson, as células T do sistema imunológico confundem a proteína com uma ameaça, atacando as células cerebrais que a expressam.

Esse processo é significativamente mais agressivo em cérebros de homens, que têm uma reação mais intensa das células de defesa, o que pode explicar a maior incidência da doença nesse grupo.

Ao analisar amostras de sangue de pacientes com Parkinson, os pesquisadores observaram que as células T dos homens atacavam as células cerebrais marcadas com PINK1 com uma intensidade seis vezes maior do que em cérebros saudáveis. Já nas mulheres, o aumento foi de apenas 0,7 vezes. Essa diferença sugere que a resposta imune pode ser um fator crítico na progressão da doença.

Esse processo degenerativo das células nervosas pode afetar diferentes partes do cérebro e, como consequência, gerar sintomas como tremores involuntários, perda da coordenação motora e rigidez muscular. Outros sintomas da doença são lentidão, contração muscular, movimentos involuntários e instabilidade da postura. Em casos avançados, a doença também impede a produção de acetilcolina, neurotransmissor que regula a memória, aprendizado e o sono. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), apesar de a doença ser conhecida por acometer pessoas idosas, cerca de 10% a 15% dos pacientes diagnosticados têm menos de 50 anos. Não se sabe ao certo o que causa o Parkinson, mas, quando ocorre em jovens, é comum que tenha relação genética. Neste caso, os sintomas progridem mais lentamente, e há uma maior preservação cognitiva e de expectativa de vida.

NOVOS CAMINHOS PARA TRATAR O PARKINSON

A descoberta abre portas para novas abordagens terapêuticas. “Poderíamos potencialmente desenvolver terapias para bloquear essas células T, agora que sabemos porque elas têm como alvo o cérebro”, explica Cecilia Lindestam Arlehamn, imunologista do mesmo instituto.

Além disso, a detecção precoce das células T em exames de sangue pode permitir diagnósticos mais precoces, melhorando o tratamento e o suporte aos pacientes.

Anteriormente, a mesma equipe já havia identificado uma resposta semelhante das células T à proteína alfa-sinucleína, mas a reação não era comum a todos os pacientes. Isso levou os pesquisadores a investigar outros alvos, como a PINK1, que agora se mostra um alvo promissor para estudos futuros.

DESAFIOS E PRÓXIMOS PASSOS

Apesar dos avanços, ainda há muito a ser explorado. “Precisamos expandir para realizar uma análise mais global da progressão da doença e das diferenças entre os sexos, considerando todos os diferentes antígenos, gravidade e tempo desde o início dos sintomas”, ressalta Sette.

A doença de Parkinson, o segundo distúrbio neurodegenerativo mais comum, ainda não tem cura, mas entender seus mecanismos é um passo crucial para combatê-la.

Enquanto isso, a identificação de alvos como a PINK1 e outras proteínas relacionadas à doença oferece esperança para o desenvolvimento de tratamentos mais específicos e eficazes. A pesquisa continua, com o objetivo de desvendar os mistérios que ainda cercam a condição complexa e debilitante.

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