Putin concorda com cessar-fogo na Ucrânia se levar a “paz duradoura”, exigindo solução para causas da crise e proteção de interesses russos.
Anúncio de cessar-fogo por Putin
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou que concorda com as propostas dos Estados Unidos para estabelecer um cessar-fogo na Ucrânia, mas com a condição de que qualquer trégua deve levar a uma “paz duradoura” e lidar com as “raízes das causas do conflito”. Kiev aceitou imediatamente o plano americano para pausar os combates por 30 dias. Em uma entrevista coletiva no Kremlin, após conversas com o presidente bielorrusso Alexander Lukashenko, Putin afirmou: “Concordamos com as propostas para cessar as hostilidades, mas partimos do fato de que essa cessação deve ser tal que levaria à paz de longo prazo e eliminaria as causas originais desta crise.”
Ceticismo e condições de paz
Putin expressou ceticismo em relação à proposta, destacando que a Ucrânia aceitou o cessar-fogo no momento em que os russos têm vantagem no campo de batalha. Se a Rússia concordar com a trégua, isso impediria novos ganhos territoriais, mas se a rejeitar, arriscaria sua reaproximação com Washington. Putin escolheu um meio-termo, tentando vincular a trégua a condições que protegeriam os interesses de Moscou.
Objetivos do líder russo
Os principais objetivos do líder russo continuam sendo os declarados desde o início da invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022. São eles: Kiev nunca deve se juntar à OTAN, precisa se comprometer em reduzir drasticamente seu Exército e proteger a língua e a cultura russas para manter o país na órbita de Moscou. Além disso, Putin quer que os ucranianos retirem totalmente as suas forças das quatro regiões que Moscou pretende anexar, cerca de 20% do território do vizinho.
Acordos de paz e sanções
As autoridades russas também adiantaram que qualquer acordo de paz deve envolver o descongelamento de ativos russos em bancos na Europa e nos Estados Unidos, bem como o fim das sanções ocidentais contra o país. O governo do presidente americano, Donald Trump, já colocou na mesa um provável alívio ao bloqueio econômico.
Remoção das raízes da crise
Em paralelo, a necessidade de “remover as raízes da crise” é uma referência a uma demanda antiga de Putin, de retirar forças da OTAN de perto das fronteiras russas, algo que ele descreve como uma grande ameaça à segurança da Rússia. Por fim, o líder do Kremlin exigiu que a Ucrânia realize novas eleições e argumentou que o presidente do país, Volodymyr Zelensky, cujo mandato expirou no ano passado (não houve novo pleito por conta do estado de guerra), não tem legitimidade para assinar um acordo de paz. Trump ecoou a visão de Moscou.
Propostas de trégua e envio de armas
O cientista político Sergei Markov, que tem uma postura pró-Kremlin, sugeriu que a trégua poderia estar atrelada ao fim do fluxo de armas e aparato bélico do Ocidente para a Ucrânia. Depois de Kiev concordar com o cessar-fogo, os Estados Unidos retomaram os envios de assistência militar e o compartilhamento de inteligência com os ucranianos. “A Rússia poderia dizer sim a uma oferta de cessar-fogo, aceitando uma trégua de 30 dias, com a condição de que um embargo seja imposto ao fornecimento de armas para a Ucrânia”, escreveu Markov.
Possibilidade de novas eleições na Ucrânia
Outro desejo do Kremlin é uma eleição presidencial na Ucrânia, o que seria possível após a Ucrânia suspender a lei marcial. Tecnicamente, um acordo de cessar-fogo permitiria dar esse passo. Alexei Naumov, especialista em política externa baseado em Moscou, também escreveu que a Rússia provavelmente aceitaria a oferta de cessar-fogo se isso levasse os ucranianos à urnas.