O governo de Ruanda decidiu cortar os laços diplomáticos com a Bélgica, uma ação que veio à tona na última segunda-feira (17). Como parte dessa medida, os diplomatas belgas foram instruídos a deixar o país em um prazo de 48 horas. A justificativa por trás dessa decisão está relacionada às supostas interferências belgas nos assuntos regionais de Ruanda, além das críticas ao histórico colonial da Bélgica no território ruandês e na República Democrática do Congo.
O presidente de Ruanda, Paul Kagame, dirigiu-se à população com entusiasmo em uma reunião realizada no domingo passado em Kigali, após sua vitória nas eleições de 2024. Durante o discurso, Kagame prometeu sediar tal encontro como parte de sua agenda política para o governo. Esses eventos refletem a postura de Ruanda em relação à sua soberania e autonomia, assim como sinalizam uma resposta direta às pressões externas, especificamente da Bélgica.
Apesar do rompimento das relações diplomáticas entre Ruanda e a Bélgica, o ministro das Relações Exteriores belga, Maxime Prevot, reagiu rapidamente à decisão, chamando-a de “desproporcional”. Ele também indicou que a Bélgica responderia declarando os diplomatas ruandeses como persona non grata, em um movimento que resultaria na expulsão deles do território belga. Esse ciclo de retaliação diplomática expõe a tensão crescente entre as duas nações e levanta preocupações sobre possíveis escaladas de conflitos.
A União Europeia, por sua vez, impôs sanções contra nove pessoas e uma refinaria de ouro ligadas a uma rebelião apoiada por Ruanda no leste da República Democrática do Congo. Essas medidas foram tomadas um dia antes das negociações de paz entre os rebeldes do M23 e o governo congolês, que estavam programadas para ocorrer em Angola. O envolvimento da União Europeia nesse cenário reflete a complexidade das relações diplomáticas na região e a necessidade de mediação em conflitos em curso.
Além disso, a União Europeia já havia aplicado sanções direcionadas a indivíduos específicos em Ruanda, incluindo líderes do grupo rebelde M23 e membros das forças armadas ruandesas suspeitos de apoiar os insurgentes. Essas ações destacam as tensões políticas e militares presentes na região, bem como a influência de diferentes atores internacionais nos conflitos locais. Nesse contexto, a quebra das relações diplomáticas entre Ruanda e a Bélgica representa mais um capítulo de um cenário complexo e em constante evolução, que demanda atenção e esforços de resolução por parte da comunidade internacional.