Qual é o problema de a gente ser simpático e gentil?’, afirma professor da USP sob investigação por assédio; ÁUDIO
Ex-aluna gravou conversa com José Maurício Rosolen, afastado das atividades na
Universidade de São Paulo (USP) por 180 dias e investigado pela polícia. Prints
de mensagens mostram o docente convidando ex-aluna para jantar e viajar, além de
enviar músicas românticas.
O professor da USP suspeito de assédio sexual defendeu-se dizendo que estava apenas sendo “gentil e educado.”
Uma ex-aluna do professor José Maurício Rosolen, do Departamento de Química da
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP),
da Universidade de São Paulo (USP) acusado de assédio moral e sexual, gravou uma
conversa em que o docente diz que só quis ser educado e gentil ao convidar a
aluna para jantares, viagens e pedir para ela ir com roupa de academia para o
laboratório.
O áudio foi retirado de uma conversa de aproximadamente duas horas de duração,
gravada em outubro de 2024, após os episódios de assédio sexual denunciados pela
ex-aluna. No diálogo, ela expõe que se sentiu desconfortável com os diversos
convites feitos pelo docente, que tenta se justificar.
Rosolen é alvo de um processo administrativo disciplinar da USP, que decidiu
pelo afastamento dele da instituição por 180 dias. A decisão foi baseada em uma apuração preliminar realizada pela universidade.
De acordo com informações do Portal de Serviços da USP, o processo foi aberto em
4 de setembro de 2024. Uma outra denunciante, que preferiu não se identificar,
informou que uma lista com o nome de 16 mulheres que acusam o professor de
assédio foi enviada para a comissão responsável.
Além disso, a Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Ribeirão Preto instaurou
inquérito policial para investigar o docente. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo informou que a
polícia realiza diligências para esclarecer os fatos, mas não passaria detalhes do caso.
O DE entrou em contato com o professor, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
A ex-aluna relata que, após reiterados convites e negativas por parte dela, o
professor começou os episódios de assédio moral. Em outro momento da mesma
conversa gravada por ela, o docente diz que vai dar dois meses para ela
apresentar resultados na pesquisa e ameaça encerrar a pesquisa e
consequentemente a bolsa que ela havia obtido e que custeava a permanência dela
em Ribeirão Preto.
Durante a conversa, o docente alega que a aluna não apresenta resultados no
projeto em que estão trabalhando. O que, segundo ela, não é verdade, já que ela
trabalha mesmo com as condições ruins de equipamentos e estrutura do
laboratório.
Em outro ponto, a aluna chega a dizer que a pesquisa coordenada pelo professor é
antiga e ela está lá há apenas quatro meses, o que não justificaria o
desligamento do projeto.