TJDFT resgata história do desembargador anistiado José Colombo de Sousa

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TJDFT resgata história de desembargador anistiado e vai homenageá-lo

TJDFT presta homenagem a José Colombo de Sousa, reconhecendo a trajetória na
magistratura e as contribuições para o desenvolvimento do país

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) realizará, nesta quarta-feira (19/3),
uma homenagem póstuma ao desembargador José Colombo de Sousa.
Em reconhecimento a trajetória e contribuição para a Justiça, seus familiares
receberão a Comenda da Ordem do Mérito Judiciário. Colombo integrou a primeira
composição do Tribunal, mas teve sua carreira interrompida em 1973, quando foi
cassado pela ditadura militar.

José Colombo de Sousa foi uma figura de grande destaque na magistratura e na
vida pública brasileira, em especial para a criação de Brasília. Nascido em 2 de
março de 1913, na cidade de Itapipoca, no Ceará, construiu a trajetória como
advogado, professor, deputado federal e desembargador.

Desde a infância, a leitura era uma tradição na família de José Colombo de
Sousa. Na casa dos pais, Joaquim Jerônimo de Souza e Maria Lia Madeira de Souza,
em Itapipoca, os filhos cresceram cercados por livros, tendo acesso a uma vasta
biblioteca dentro de casa.

O diplomata José Marcus Vinícius de Sousa, filho de Colombo, recorda essa
influência: “Nossa família era numerosa – meus avôs tiveram oito filhos –, mas a
educação sempre teve um papel central em nossa formação. Minha avó foi a
primeira professora formada da cidade, uma intelectual brilhante”.

José Colombo de Sousa começou sua carreira lecionando disciplinas como filosofia, história, geografia
e matemática após formar-se em Direito pela Faculdade de Direito do Ceará. Seu talento para o ensino e a capacidade de liderança o levaram a
ocupar diversos cargos de relevância ao longo da vida.

Colombo deu seus primeiros passos na política como prefeito das cidades
cearenses do Crato e de Quixadá. Em 1937, casou-se com Yolanda Barroso Gurgel de
Lima, com quem teve oito filhos.

Favorável à transferência da capital federal do Rio de Janeiro para Brasília,
foi um dos deputados federais líderes do “Bloco Mudancista”. Durante seu tempo
no Congresso Nacional, desempenhou papel
fundamental na transferência da capital federal e na garantia dos recursos
necessários para a empreitada, como relator da Comissão de Orçamento.

Sua carreira na magistratura, porém, foi interrompida pelo regime militar.
Cassado pelo Ato Institucional nº 5 (AI-5) em 1973, só teve sua
aposentadoria reconhecida em 1980, com a Lei da Anistia.

Além de magistrado e político, Colombo foi um intelectual ativo, autor de
diversas obras sobre economia, direito e política. Sua dedicação para a
educação, desenvolvimento energético do Nordeste e ao pensamento crítico
influenciou filhos e netos, muitos dos quais seguiram carreiras no Judiciário,
na diplomacia e na academia.

José Colombo de Sousa faleceu em 31 de agosto de 1987, aos 74 anos. Para o filho
mais velho vivo, a homenagem do Tribunal marca a atuação de Colombo em prol da
democracia e do desenvolvimento nacional.

Para o desembargador Diaulas Costa Ribeiro, as homenagens são um resgate
necessário: “Poderia ter sido feita com José Colombo de Sousa vivo. Mas nunca é
tarde para se reparar um esquecimento. O que não se pode é prorrogá-lo”.

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