O governo brasileiro, a través do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, reconheceu Vladimir Herzog como anistiado político 50 anos após sua morte pela ditadura militar. A decisão foi oficializada nesta terça-feira (18) no Diário Oficial, juntamente com a reparação econômica mensal vitalícia concedida à sua viúva, Clarice Herzog. Vladimir Herzog, jornalista e diretor de jornalismo da TV Cultura, foi torturado e morto durante a ditadura militar, após comparecer ao DOI-CODI em 1975 e nunca mais ser visto com vida.
Em fevereiro, a Justiça Federal concedeu a reparação econômica mensal vitalícia à Clarice Herzog, no valor de R$ 34.577,89. A decisão do juiz Anderson Santos da Silva, da 2ª Vara Federal Cível do Distrito Federal, reconheceu a perseguição política sofrida por Vladimir Herzog e determinou que o valor da reparação seja pago mensalmente à viúva. O Instituto Vladimir Herzog celebrou a decisão, ressaltando a importância do reconhecimento para a família e para a memória de Vladimir.
A Comissão de Anistia aprovou, em votação unânime, o reconhecimento da condição de anistiada política de Clarice Herzog em abril do ano passado. A decisão reconheceu a perseguição sofrida pela família de Clarice durante o regime militar e assegurou seu direito a uma reparação econômica. O Instituto Vladimir Herzog continuará trabalhando ao lado da família pelo cumprimento dos demais pontos resolutivos da sentença da Corte Interamericana, que incluem a responsabilização dos agentes públicos que praticaram crimes contra a humanidade durante a ditadura.
Clarice Herzog, viúva de Vladimir Herzog, liderou um movimento que cobrou investigação da versão do Exército sobre a morte de seu marido. A versão inicial de que Vladimir Herzog teria se enforcado com um cinto foi desmentida, e a Justiça determinou a entrega de um novo atestado de óbito, reconhecendo as lesões e maus tratos sofridos durante o interrogatório como causa da morte. A luta de Clarice pela justiça e pela memória de Vladimir continua, e o reconhecimento como anistiada política é mais um passo nessa trajetória de busca por verdade e reparação.