Cuiabá estrutura debênture com lançamento de R$ 20 milhões e finaliza entrada no mercado de capitais
Somente Atlético Mineiro e Cuiabá possuem essa operação no Brasil
O Cuiabá [https://globoesporte.globo.com/mt/futebol/times/cuiaba/] Esporte Clube se tornou o segundo clube-empresa do país a acessar o mercado de capitais por meio das “debêntures-fut”. A transação financeira foi estruturada em parceria com o Banco Semear. O valor de lançamento é de até R$ 20 milhões, que deve ser destinado, exclusivamente, para despesas operacionais do clube, que nos últimos anos fez investimentos relevantes no Centro de Treinamento Manoel Dresch. O clube culminou com a queda para a Série B do Brasileiro em 2024.
– Investimos forte em estrutura, e a principal delas foi a construção do centro de treinamento, desembolsando mais de R$ 40 milhões – afirma o presidente do Cuiabá, Cristiano Dresch. Avaliado em R$ 50 milhões, o novo CT do Dourado foi colocado como garantia para a debênture.
Presidente do Cuiabá, Cristiano Dresch, no Centro de Treinamento Manoel Dresch — Foto: Jonathas Gabetel
No Brasil, entre os mais de 70 clubes considerados com modelo empresarial, apenas o Atlético-MG havia conseguido captar investimentos nesta operação, em 2024, com emissão de R$ 105 milhões, prazo de três anos e taxa equivalente a CDI mais 3,5%.
– Buscamos atender a demanda do Cuiabá, no momento em que o clube buscava repor no seu fluxo parte do investimento realizado no CT nos últimos dois anos – explica Rodrigo Santos, representante de investimento do Semear Banco de Investimentos.
De acordo com informações do site oficial do clube, no último balanço publicado em 2023 (o de 2024 só deve ser divulgado em meados deste ano), o Cuiabá bateu recorde de receitas, com R$ 157,9 milhões, 13% maior do que em 2022. Já o lucro líquido antes de impostos foi de R$ 37,3 milhões, o que representou um aumento de 45%.
Vista aérea CT Manoel Dresch — Foto: AssCom Dourado
– As receitas mudam muito na Série B e alguns desencontros de fluxo de caixa aconteceram, como as inadimplências que algumas agremiações possuem com o Cuiabá, equivalente a milhões de reais. A partir disso, passamos a buscar uma forma nova de capital de giro, e a alterativa para essa injeção financeira veio por meio das debêntures – complementa Dresch ao ge.
As “debêntures-fut” são títulos de dívidas emitidos pela Sociedade Anônima do Futebol (SAF), desde a homologação da lei, em 2021, com o objetivo de captar novos recursos junto aos investidores, utilizados no desenvolvimento de atividades e no pagamento de gastos, despesas ou dívidas relacionadas às atividades típicas da emissora. Os papéis têm prazo de dois anos e remuneração equivalente a CDI mais 5%.
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Marco Loureiro, sócio e responsável pela área de Direito Societário do CCLA Advogados, escritório que auxiliou na condução do processo da emissão de debêntures do Cuiabá, explica quais são os próximos passos e o que esse processo traz de benefícios ao clube.
– Na prática, ao acessar o mercado de capitais, o clube diversifica suas fontes de recursos, tornando-se menos dependente de receitas tradicionais, como direitos de transmissão e patrocínios. Além disso, a emissão de debêntures permite ao clube obter recursos a taxas de juros competitivas, oferecendo uma alternativa ao financiamento bancário tradicional – explica.