Veja como o PSG se remontou sem Mbappé, Messi e Neymar para chegar mais forte na Champions
Em dois anos, time francês muda estratégia sob os comandos do diretor Luis Campos e reconstrói elenco sem medalhões. Ao de, Marquinhos analisa: “Nova filosofia vem dando muito certo”
O Paris Saint-Germain chega para a disputa das quartas de final da Champions League, contra o Aston Villa, atraindo olhares após eliminar o Liverpool com autoridade nas oitavas. As duas boas atuações e a classificação sobre o líder isolado da Premier League alçaram a equipe francesa ao rol de times favoritos à conquista europeia, algo que soava improvável no início da temporada.
Na primeira campanha após perder Kylian Mbappé para o Real Madrid, o PSG é campeão do Campeonato Francês sem nenhuma derrota até aqui (tem mais seis jogos para buscar o primeiro título invicto da história) e vai em busca da Champions, sonho que não alcançou nem quando reuniu grandes estrelas, como Messi e Neymar, ao lado do atacante francês.
A saída dos nomes consagrados, e o novo elenco mais jovem, menos badalado, porém muito competitivo, não foram frutos do acaso. Se trata de uma nova estratégia que o de e o zagueiro Marquinhos te explicam agora.
— É uma ideia que o treinador tinha de trazer uma nova filosofia, junto com o presidente e com a direção. Acho que o PSG já vem tentando muitas fórmulas para entender um pouco da sua cultura e do seu DNA. Por resultados anteriores, acabou optando por mudar essa filosofia do clube. Foi uma aposta — disse o defensor e capitão do PSG exclusivamente ao de.
O teste citado por Marquinhos é uma grande inovação no clube, que desde que foi adquirido em 2011 pelo Qatar Sports Investment, fundo ligado ao governo do Catar, investia em nomes badalados. Muito dinheiro foi gasto em contratações de todos os tipos, mas sempre com astros envolvidos. De Thiago Silva, Ibrahimovic e Beckham ao trio MSN, entre vários outros.
O técnico Luis Enrique, que assumiu o comando do Paris Saint-Germain em 2023, é peça-chave para a execução da nova filosofia, como citado por Marquinhos. Mas este projeto começou um ano antes, em junho de 2022, quando o clube nomeou o português Luís Campos como diretor de futebol, substituindo o brasileiro Leonardo.
Na época, já se passavam dois anos de quando o PSG chegou à sua única final de Champions, sendo derrotado pelo Bayern de Munique. O clube também vinha de mais uma eliminação traumática no torneio para o Real Madrid, após vencer o jogo de ida, abrir o placar na partida de volta e sofrer a virada com hat-trick de Benzema. Sem muita tolerância, o dono do clube, Nasser Al-Khelaifi, planejava uma mudança de rota a partir dali e falava em ter apenas jogadores nascidos em Paris no futuro.
Em 2022/23 já começava este movimento. Nomes mais experientes como Di María, Icardi, Keylor Navas, Wijnaldum, Ander Herrera, entre outros deixavam o clube. E já chegavam os menos badalados Nuno Mendes, Vitinha e Fabián Ruiz, que hoje são fundamentais na equipe de Luis Enrique. Na Champions, outra grande decepção: 3 a 0 para o Bayern no agregado das oitavas de final.
Em 2023/24 a reformulação era escancarada: Lionel Messi e Neymar deixavam o PSG, após o argentino ser alvo de vaias no Parc des Princes, e o brasileio receber protesto de torcedores na frente de sua casa. Outros medalhões, como Marco Verratti e Sergio Ramos, também foram embora. Enquanto isso o clube seguia contratando atletas jovens e franceses, entre eles Dembelé e Barcola, os dois artilheiros da equipe na atual temporada.
— Acho que a filosofia nova vem dando muito certo. Não que as outras não tenham dado por não ter ganho (a Champions), mas ganhamos muitas coisas na França. Acabou trazendo também muita coisa boa para o futebol francês e para o PSG. Mas a gente está muito feliz pelo momento que estamos vivendo no Paris — analisou Marquinhos.
Campeão do Campeonato Francês no Monaco, em 2016/17, e responsável pela montagem do elenco do Lille que foi campeão nacional em 2020/21, o diretor Luís Campos foi o nome certo para o que Nasser Al-Khelaifi pretendia. Dos 11 titulares que venceram o Liverpool em Anfield nas oitavas da Champions 2024/25, oito foram contratados sob sua gestão no futebol, sendo sete deles contratados com 25 anos ou menos.
Em dois anos, o Paris Saint-Germain rejuvenesceu o time consideravelmente. A média de idade do elenco diminuiu de 26,2 anos em 2022/23 para 22,7 anos na atual temporada. Luís Campos também participou da escolha de Luis Enrique, que tem o mérito de ter montado uma equipe competitiva mesmo contando com jovens atletas em sua maioria.
Na segunda temporada de Luis Enrique à frente do time francês, o PSG já começou a campanha com uma defesa segura e uma equipe capaz de controlar as ações da partida na maior parte dos jogos. Por isso segue invicto na Ligue 1 até hoje. No entanto, a equipe decepcionava na primeira parte da fase de liga da Champions por pouca eficiência ofensiva, algo natural para quem havia acabado de perder Mbappé, seu grande artilheiro dos últimos anos.
Uma das grandes novidades para a segunda parte da temporada foi a implementação de Dembelé como o atacante centralizado na equipe. Desde então, seu rendimento e o da equipe decolaram, ao ponto de ele já ser cogitado aos prêmios de melhor jogador do futebol europeu. Outro fator importante no crescimento do ataque do PSG é a chegada de Khvicha Kvaratskhelia, contratado do Napoli por 70 milhões de euros.
Se contra o Liverpool o PSG poderia ser considerado um azarão, agora contra o Aston Villa a situação é diferente e os franceses chegam como favoritos. Independente da conquista ou não da Champions League na atual temporada, o Paris Saint-Germain tem, como nunca, um projeto que dá confiança aos torcedores de que o grande objetivo do Qatar Sports Investment desde 2011 é uma questão de tempo.