Imagens de câmeras corporais mostram PMs atirando contra motorista baleado por engano
A Corregedoria da PM avaliou que os policiais Fernando Gonçalves Pereira, Simon Santos do Nascimento e Max Moraes Braga Alves mentiram em diversos momentos sobre terem disparado contra o carro de Bruno Patrocínio dos Santos.
Policiais envolvidos no caso envolvendo Bruno Patrocínio — Foto: Reprodução
As imagens das câmeras corporais dos PMS que atiraram por engano em um homem que confundiram com um criminoso mostraram que os policiais fizeram disparos de fuzil de dentro da viatura contra o carro da vítima. O homem aparece sangrando após ser atingido.
Os agentes do órgão de correção da PM avaliaram toda a ação dos policiais Fernando Gonçalves Pereira, Simon Santos do Nascimento e Max Moraes Braga Alves e concluíram que eles mentiram em diversos momentos sobre terem disparado contra o carro de Bruno Patrocínio dos Santos.
Imagem de câmera corporal mostra policial atirando contra Bruno Patrocínio, na Zona Norte do Rio — Foto: Reprodução
Atualmente, Bruno passa por dificuldades financeiras, pediu indenização à Justiça e teve um pedido indenização negado.
Entre as mentiras citadas nos documentos da polícia, por exemplo, estão:
– Eles alegaram que deram uma ordem de parada à vítima, algo que as imagens das câmeras desmentem.
– Fernando afirmou que existia outro SUV atrás do carro de Bruno, e que houve disparo de arma de fogo por essa razão.
Em uma das conversas gravadas, um policial diz que o serviço reservado do batalhão (P2) está pedindo mais informações. O cabo Max, então, orienta que o policial minta a respeito da ocorrência:
“Fala que o carro se evadiu, a gente…. a gente foi atrás, bateu de frente, mandou parar… foi o que aconteceu”
Em outro momento da conversa, o cabo Max disse que pensou que tomaria um tiro:
“Eu pensei que ele ia dá (sic) em mim”.
O relatório da Corregedoria da Polícia Militar concluiu que há indícios, em tese, de crime doloso contra a vida e que não houve quaisquer circunstâncias que poderiam justificar eventual legítima defesa dos policiais.
Segundo a Polícia Militar, o inquérito está em análise para ser enviado à Justiça Militar. Eles são acusados de tentativa de homicídio.
Família de motorista baleado por engano por PMs passa por dificuldades financeiras
Imagens de câmeras de segurança mostram policiais militares do Batalhão de Policiamento em Vias Expressas no posto de gasolina em Inhaúma, no início da tarde do dia 10 de novembro de 2024. Uma das viaturas para e um policial desce atirando.
Outra câmera registrou um ângulo diferente. A outra viatura também tinha parado mais à frente e dois policiais saíram do carro e começaram a atirar.
Os policiais militares admitiram que efetuaram 18 disparos contra o carro do motorista de aplicativo. O caso foi registrado na 44ª DP (Inhaúma) pelos próprios agentes.
4 de 4 Bruno após ser alvejado e sangrando, em imagem gravada pelas câmeras dos policiais — Foto: Reprodução
A família do motorista de aplicativo Bruno Patrocínio dos Santos, que levou quatro tiros em novembro do ano passado após ser confundido com bandidos por PMs, afirma que o governo do Rio de Janeiro não ofereceu nenhum auxílio – mesmo quase cinco meses depois.
Bruno segue com os projéteis alojados no corpo e, como está muito abalado, não quis dar entrevista.
Por causa das sequelas físicas e psicológicas, Bruno não está trabalhando e o aluguel está em atraso. O carro que o homem dirigia para levar renda à família era alugado. A locadora pagou a franquia, mas o motorista precisa ressarcir o valor.
No dia que teve alta, Bruno Patrocino Bastos, de 46 anos, contou na porta do Hospital Salgado Filho que foi atingido quando ia abastecer em um posto de combustíveis. Jeito de sobreviveu e afirma que viveu o “terror.”