Estátua de Araribóia é reposicionada em Niterói após 30 anos: polêmica na cidade

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Estátua de Araribóia, em Niterói, muda de lugar após 30 anos e cria polêmica na cidade

A mudança feita pela prefeitura nessa quinta-feira (10) transferiu a estátua para 100 metros de distância na mesma rua. O objetivo é retirar o monumento do trajeto da nova ciclovia que vai passar pelo local em frente à estação das barcas. Historiador defende monumento no Rio.

A estátua de Araribóia, um símbolo da cidade de Niterói, foi transferida de lugar nesta quinta-feira (10) e assustou muitos moradores que não gostaram da iniciativa da prefeitura. A retirada do monumento, que foi reinstalado na mesma Avenida Rio Branco, a 100 metros de distância do local antigo, faz parte das obras de revitalização no local. O objetivo da troca é retirar a estátua do trajeto da nova ciclovia que vai passar pelo local que fica em frente à estação das barcas. A imagem de Araribóia sempre foi um ponto de referência e a troca foi criticada por quem aproveitava o monumento como ponto de encontro.

“A o Araribóia, vamos marcar ali. Eu realmente já marquei muitos encontros ali com minhas amigas”, comentou a cuidadora Maria da Glória Couto. Segundo a prefeitura, outro argumento para a mudança é que, no novo ponto, a estátua de Araribóia volta a ter vista pra Baía de Guanabara. Essa explicação também não convenceu a niteroiense Vera Lúcia Ribeiro. “Eu não acho legal. Eu acho legal aqui porque é ponto de encontro de todo mundo, de quem sai da barca. E ele não é o fundador de Niterói? Isso é pra chorar”, comentou Ribeiro.

“Tirar um monumento sem perguntar pra população da própria cidade se gostariam de fazer isso, ao invés de desviar uma ciclovia que fizeram depois não é legal. Tá rompendo a memória histórica da cidade”, completou a pedagoga Margareth Carvalho. A estátua de Araribóia estava no mesmo local desde 1995, na altura da Rua da Conceição, bem em frente à estação das barcas. Antes disso, a imagem do guerreiro fundador de Niterói ficava na Avenida Rio Branco, na altura da Avenida Amaral Peixoto. O monumento permaneceu por lá por 22 anos.

Esse foi o local da primeira homenagem ao líder da tribo Temiminó que, no século XVI, lutou ao lado dos portugueses para expulsar os franceses da Baía de Guanabara. A recompensa pela conquista foram as terras onde hoje está a cidade de Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Na opinião do jornalista e historiador Rafael Freitas, autor da biografia de Araribóia, o herói indígena não é um símbolo apenas de Niterói. Segundo ele, Araribóia também foi o fundador de Rio de Janeiro.

“Ao contrário do que as pessoas pensam, o Araribóia não só é fundador da cidade de Niterói. O Araribóia é fundador da cidade do Rio de Janeiro. Ele é um dos personagens mais importantes para que a cidade do Rio fosse fundada”, explicou Freitas. O jornalista lembrou que Araribóia foi quem assumiu o lugar de Estácio de Sá na luta pela libertação da cidade contra os franceses. “O Estácio de Sá, que era o comandante português das tropas que vieram fundar o Rio de Janeiro, ele morre nas batalhas que fundam o Rio de Janeiro em 1567. O Araribóia, não. O Araribóia sobrevive e se torna o grande nome da cidade do Rio dos seus primeiros anos”.

“Ele é o defensor da cidade e por isso que ele ganha então as terras de Niterói, que vão dar origem a cidade de Niterói”, contou Rafael Freitas. Por conta da importância do indígena na fundação do Rio, Rafael argumenta que o certo seria que a estátua de Araribóia fosse transferida para a Praça XV, no Centro do Rio. “Se é para mudar de lugar a estátua do nosso Araribóia, eu deixo aqui a sugestão de trazer ele para o Rio e botar na Praça XV. O Araribóia é fundador da cidade do Rio, muito antes de ser fundador da cidade de Niterói”, argumenta Freitas.

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