Ativista trans relata agressão em SP: “Tentativa de transfeminicídio”
Agredida em frente de sua casa, Iza Potter é conhecida nas redes sociais por
ativismo em defesa da população trans e portadores de HIV
DE — A ativista social e comunicadora Iza Potter
[https://www.instagram.com/izabellipotter/] relata ter sido vítima de uma
agressão em frente à porta de seu prédio. na manhã deste domingo (13/4), na
região central de São Paulo [https://www.metropoles.com/sao-paulo].
Em vídeos publicados na rede social (veja abaixo), a influencer, conhecida pelo
trabalho em defesa dos direitos de pessoas em vulnerabilidade e portadores de
HIV, aparece com o rosto machucado e afirma ter sido agredida por um homem com
quem havia acabado de se relacionar.
Segundo o relato, Iza convidou o homem para subir ao seu apartamento após
conhecê-lo na volta de um evento. Depois de terem uma relação sexual, o homem
passou a se recusar a sair do local, começou a ficar agressivo e a acusou de ter
roubado o seu celular. A ativista afirma que ele já havia comentado sobre a
perda do aparelho antes de subir ao apartamento.
Ao Metrópoles, Iza conta que, por volta das 5h da manhã do domingo, percebendo
que algo estava errado, passou a tentar levar o homem para fora do prédio.
“Ao chegar na porta do prédio, ele me segurou pela camisa. E começou a falar:
‘Você me roubou, você estava comigo ali em tal festa’ e não falava coisa com
coisa. E ali começaram as agressões. Quando ele segurou minha camisa, fiz um
movimento para que a camisa saísse do meu corpo e eu conseguisse entrar, mas no
que eu consegui entrar, ele agarrou nos meus cabelos, baixou minha cabeça e
bater nela”, relata.
A agressão continuou com Iza parcialmente dentro do prédio e o agressor do lado
de fora. “Ele puxando meu cabelo. Para arrancar. Ele estava com muita raiva”,
afirma. Seus gritos alertaram vizinhos e uma amiga, que desceu e a ajudou a se
livrar do agressor.
Iza reclama que, após subir ao apartamento para chamar a polícia, moradores e
funcionários do prédio que presenciaram a cena não seguraram o homem, que
continuou por um tempo no local e inclusive teria danificado a porta do prédio,
segundo a vítima. Ele foi embora na sequência.
“Poderiam ter segurado ele, porque logo em seguida, cinco minutos depois, a
polícia chegou. Era para ter sido em caráter de flagrante (…) Porque era uma
travesti que estava ali, era a palavra dele dizendo que eu havia roubado. Eles
falavam na cabeça deles que ‘travesti não presta’, mas sem saber quem era eu, o
que eu faço, o trabalho em que eu atuo”, diz.
A ativista foi encaminhada até uma unidade de pronto atendimento e, na
sequência, à delegacia, onde registrou boletim de ocorrência. Depois, passou
pelo IML.
“TENTATIVA DE TRANSFEMINICÍDIO”
Iza afirma se sentir insegura para voltar ao seu prédio, com medo de que o
agressor volte ao local, e pretende se mudar de endereço. Ela afirma que vai
solicitar uma medida protetiva com base na Lei Maria da Penha. “Foi uma
tentativa de transfeminicídio”, diz.
Além dos ferimentos na cabeça e no olho, a ativista relata que os golpes
danificaram um aparelho auditivo que ela utiliza. “Ele bateu muito na minha
cabeça, muito. Eu sou uma pessoa implantada, eu faço uso de aparelho auditivo.
Ele danificou o meu aparelho, o aparelho está com mau funcionamento”.
A ativista relata que resolveu levar o caso a público para que não seja tratado
apenas como “mais um episódio de violência contra uma pessoa trans”, ressaltando
seu trabalho como comunicadora e ativista social
[https://www.linkedin.com/in/isabellipotter/]. Iza tem 38 mil seguidores no
Instagram e outros 3 mil no LinkedIn.
“O que importa para mim agora é buscar justiça. Quantas outras pessoas vão
passar por isso? Quantas outras meninas podem passar por isso? Não vou ficar
omissa com medo de que as pessoas julguem. Eu sou ser humano, acima de tudo”,
afirma.
Fique por dentro do que acontece em DE. Siga o perfil do DE SP no
Instagram.
Faça uma denúncia ou sugira uma reportagem sobre DE por meio do WhatsApp
do DE SP: (11) 99467-7776.