Fundação São Francisco de Assis: Da Recuperação do Fundo Estadual Milionário ao Escrutínio Público

fundacao-sao-francisco-de-assis3A-da-recuperacao-do-fundo-estadual-milionario-ao-escrutinio-publico

De canil falido a gestora de fundo estadual milionário, a Fundação São Francisco de Assis venceu um edital “atestando” trabalhos feitos quando estava inativa. Uma investigação do DE2 descobriu que o documento utilizado pela Fundação para obter o contrato com o Fundo da Mata Atlântica foi assinado por um homem que atualmente é o presidente do conselho deliberativo da própria fundação.

Anteriormente um canil falido, a Fundação São Francisco de Assis conquistou um contrato para gerir o Fundo da Mata Atlântica e arrecadou quase R$ 400 milhões no último ano. Essa verba é proveniente de compensações ambientais pagas por empresas e tornadas recursos públicos, sendo a gestão desses recursos realizada pela fundação, uma organização filantrópica sem fins lucrativos.

Para concorrer ao contrato, a fundação apresentou atestados de supostos serviços prestados anteriormente, porém o DE2 descobriu que na época desses trabalhos ela estava inativa, e o homem que concedeu um dos atestados é, atualmente, o presidente do conselho deliberativo da São Francisco de Assis.

Após anos de dificuldades e penúrias, com doações em declínio e dívidas aumentando, a fundação viu-se obrigada a despedir funcionários até chegar ao ponto de ficar sem ninguém. Com apenas a vegetação crescendo em sua antiga sede em Guaratiba, a fundação quase fechou as portas em 2009, mas somente conseguiu realizar tal ação em 2021, após um chamado do Ministério Público.

Sob nova gestão em 2021, a fundação passou a concorrer a contratos milionários no governo estadual e a ganhá-los. Um documento de outubro de 2021 marcou a mudança, com a fundação garantindo a vitória na disputa para gerir o Fundo da Mata Atlântica com um atestado de capacidade técnica, afirmando ter fornecido consultoria ambiental durante a concessão do Campo Olímpico de Golfe. Posteriormente, surgiram contradições sobre a veracidade desses trabalhos ambientais.

O Fundo da Mata Atlântica, que recebe recursos de empresas como mecanismo de compensação ambiental, possui uma gestão operacional de quase R$ 400 milhões em 2024. No entanto, a falta de transparência sobre a utilização desses recursos levanta questionamentos sobre a efetividade das ações realizadas pela fundação.

Diante de polêmicas e irregularidades apontadas pelo DE2, a Fundação São Francisco de Assis defende sua atuação, afirmando ter sido reativada em 2020 e ampliado suas atividades ambientais, permitindo-a participar de concursos para gestão de fundos de conservação ambiental. Todavia, a fundação continua sob escrutínio de órgãos fiscalizadores e da opinião pública.

🔔Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp