Projeto da anistia: líder do DE expõe deputados que apoiam urgência e lembra antiga tática da esquerda
Sóstenes Cavalcante mudou estratégia e resolveu protocolar requerimento pedindo para acelerar análise na Câmara. Estilo “pé na porta” do deputado deixa claro que sua gestão é nitroglicerina pura.
O deputado Sóstenes Cavalcante (DE-RJ) decidiu mudar de estratégia e protocolar o pedido de urgência do projeto de anistia na Câmara depois que três deputados o procuraram pedindo para retirar a assinatura, alegando que estavam sendo pressionados pelo governo.
Sóstenes, que passou o fim de semana lendo o regimento da Câmara, decidiu então antecipar o movimento. O plano inicial era protocolar o requerimento com 280 nomes, mas bastaram 262 para entrar com o pedido. Antes, ligou para o presidente da casa, Hugo Mota (Republicanos-PB), e avisou de sua intenção.
A decisão de Sóstenes expõe todos os deputados. Expõe os que são da base governista, mas que não estão com o governo; expõe os que botaram sua assinatura para, mais tarde, mediante um bom acordo, retirá-la; e expõe quem quer pegar carona nos votos bolsonaristas, mas na hora agá não se compromete.
Antes, ficava muito mais cômodo para alguém assinar e pedir a retirada de sua assinatura. Agora, com a publicação do requerimento, os deputados que quiserem recuar terão que fazer o pedido por escrito e em bloco, o que vai tornar qualquer decisão mais vulnerável a questionamentos.
Após protocolado o requerimento, as assinaturas não podem mais ser retiradas nem adicionadas, conforme estabelece o Regimento Interno da Câmara. Entretanto, o pedido pode perder a validade se metade mais um dos deputados que assinaram o texto — no caso, 132 — peçam sua retirada.
A exposição de deputados não é uma invenção de Sóstenes. Nas décadas de 1980 e 1990, a esquerda montava painéis em locais de grande movimentação, como a Cinelândia, no Rio, com fotos e nomes de deputados que votavam projetos que, na visão da oposição, eram contrários aos interesses do trabalhador.