Goiás era utilizado como base logística de uma rede de tráfico internacional de drogas operada por estudantes de medicina. O grupo, que adquiria entorpecentes na Bolívia, foi alvo de uma operação deflagrada nesta terça-feira, 15, pela Polícia Federal, que cumpriu 10 mandados de busca e apreensão em cinco estados brasileiros. A investigação revelou que os envolvidos cursam medicina em universidades bolivianas e participavam da organização tanto no financiamento quanto na logística do esquema criminoso.

A droga era enviada da Bolívia escondida em caixas transportadas por ônibus e por empresas de transporte de cargas até Goiás. A partir do estado, a cocaína era remetida à Europa, camuflada dentro de osciloscópios — equipamentos usados em laboratórios de engenharia e eletrônica. As ordens judiciais foram cumpridas nas cidades de Manaus (AM), Itamaraju (BA), Campo Grande e Corumbá (MS), Volta Redonda (RJ), e Rolim de Moura e Espigão d’Oeste (RO). Até o momento, não há informações sobre prisões, e os nomes dos investigados não foram divulgados.

Segundo o delegado Bruno Gama, chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Polícia Federal em Goiás, pelo menos cinco carregamentos foram enviados à Europa em menos de um ano. Três deles foram interceptados na Alemanha, que notificou as autoridades brasileiras. Os destinos finais seriam Portugal, Espanha e Inglaterra.

Um morador de Goiás, identificado como responsável pelos envios dos equipamentos eletrônicos ao exterior, já foi ouvido pela Polícia Federal. Em depoimento, ele afirmou não saber que os aparelhos estavam carregados com drogas, alegação que ainda está sob apuração. Ao final das investigações, os envolvidos poderão responder por tráfico internacional de drogas, crime que pode resultar em penas superiores a 15 anos de prisão.