Servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) planejam divulgar nesta quinta-feira (17) um pedido público de exoneração do diretor-geral da instituição, o delegado da Polícia Federal (PF) Luiz Fernando Corrêa. A mobilização é liderada pela União dos Profissionais de Inteligência de Estado (Intelis), que acusa Corrêa de não defender a agência, não preparar um sucessor da carreira e de não conseguir dinheiro para os trabalhos do órgão. Segundo a entidade, o orçamento é menor em 14 anos, e Corrêa não foi capaz de obter verbas por meio de emendas parlamentares.
Procurada pelo blog, a Abin afirma que o atual número 2 de Corrêa vem dos quadros da agência e que o contingenciamento de verbas atingiu todo o governo federal, não só a área de inteligência. Desde a transição, a Polícia Federal vem apontando falhas e omissões na Abin. Corrêa foi intimado a depor nesta quinta-feira (17) por suspeita de que ele tenha obstruído as investigações da chamada Abin paralela – esquema de espionagem ilegal durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) contra autoridades e jornalistas considerados adversários do então presidente.
Os servidores afirmam que Corrêa não tem condições políticas de permanecer no cargo, e o acusam de deslegitimar o trabalho de inteligência, citando como exemplo a condenação pública da operação de espionagem realizada contra o governo do Paraguai. Na visão deles, o diretor-geral se preocupa apenas em defender sua gestão, deixando os oficiais de inteligência vulneráveis. Problemas com a sucessão se tornam evidentes, uma vez que Corrêa não cumpriu a promessa de preparar um sucessor da carreira.
Depois do desastre da administração de Alexandre Ramagem — também delegado da Polícia Federal, que comandou a Abin durante o governo Bolsonaro —, os profissionais da agência esperavam que o novo diretor-geral fosse da área de inteligência. Para driblar as resistências internas ao seu nome, Corrêa prometeu fazer uma transição. Ele seria o último diretor-geral estranho aos quadros da Abin e sua principal missão seria preparar um sucessor dos quadros da agência. Entretanto, Corrêa nunca moveu uma palha para isso, sempre escolhendo pessoas de fora da Abin para cargos-chave.
A primeira escolha para o cargo de diretor-adjunto foi o também delegado da PF Alessandro Moretii. Quando ele cai, Luiz Fernando escolhe um acadêmico, o professor Marco Cepik para seu lugar. Em março, Cepik pede exoneração alegando motivos pessoais. Só então assume um profissional da Abin, Rodrigo de Aquino, nomeado para o cargo. Essas decisões contribuíram para a insatisfação dos servidores e para os problemas de sucessão interna na agência.