A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), considerada uma referência nacional em ensino, ciência e inovação, enfrenta uma crise estrutural sem precedentes. Com uma dívida que chega a R$ 61 milhões, a instituição luta para manter suas atividades básicas em meio a uma série de problemas estruturais. Segundo o reitor Roberto Medronho, uma inspeção recente apontou que 75% dos 154 prédios da UFRJ necessitam de obras de recuperação, com um custo estimado de R$ 1 bilhão.
Os problemas enfrentados pela UFRJ são evidentes em sua rotina diária. Prédios com problemas crônicos, salas e auditórios com goteiras e mofo, elevadores quebrados, aulas suspensas por falta de luz ou água e serviços comprometidos são apenas algumas das dificuldades enfrentadas por estudantes e professores da instituição. Além disso, na semana passada, uma greve de funcionários terceirizados nos bandejões da universidade obrigou os próprios alunos a assumirem a cozinha, preparando refeições gratuitas.
O orçamento destinado à UFRJ pelo Ministério da Educação é insuficiente para cobrir as despesas básicas de funcionamento da universidade. Em 2025, está previsto um repasse de R$ 406 milhões, um valor que, segundo o reitor de Finanças Helios Malebranche, não é o bastante para cobrir as contas essenciais, como água, luz e segurança. Com a falta de recursos, a UFRJ se vê obrigada a escolher quais contas pagar, agravando ainda mais a situação financeira da instituição.
A precariedade estrutural da UFRJ se reflete em todas as suas unidades. Da Cidade Universitária, na Ilha do Fundão, onde fica o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, até o campus da Praia Vermelha, na Urca, e o Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS), no Centro, os problemas são evidentes. Salas interditadas, baldes espalhados por corredores para conter goteiras, falta de forro no teto, móveis quebrados e falta de ar-condicionado são apenas alguns dos problemas enfrentados diariamente.
A situação atingiu um ponto crítico nos bandejões da universidade, onde os alunos tiveram que assumir a cozinha devido à greve dos funcionários terceirizados. A empresa responsável pela operação dos bandejões alegou dificuldades financeiras por um “faturamento abaixo do esperado”. Mesmo com repasses de aproximadamente R$ 3 milhões à empresa este ano, a situação continua precária, demonstrando a gravidade da crise estrutural enfrentada pela UFRJ.
Diante desse cenário dramático, o reitor Roberto Medronho reconhece a gravidade da situação e destaca a urgência das reformas necessárias para manter a universidade em funcionamento. Com um orçamento insuficiente e uma dívida milionária, a UFRJ enfrenta um dos períodos mais desafiadores de sua história. A falta de investimentos em manutenção e infraestrutura ao longo dos anos agravaram a situação, que agora demanda medidas urgentes para garantir a continuidade das atividades acadêmicas e de pesquisa na instituição.