O Conselho Nacional de Justiça decidiu pelo afastamento do desembargador Marcelo Lima Buhatem, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, por conta de publicações de cunho político-partidário em suas redes sociais, além de outras infrações disciplinares. O afastamento foi determinado por um período de 60 dias. Segundo o CNJ, em março de 2023, Buhatem publicou mensagens em seu perfil no Linkedin questionando a credibilidade do sistema judicial e eleitoral brasileiro, o que gerou desconfiança da sociedade em relação à justiça, segurança e transparência das eleições.
As infrações cometidas pelo desembargador foram relatadas pelo conselheiro Alexandre Teixeira, que votou inicialmente pela pena de disponibilidade por 90 dias. No entanto, o plenário do CNJ optou por seguir o voto divergente do conselheiro Caputo Bastos. Além das postagens em redes sociais, Buhatem também foi acusado de quebra de imparcialidade, paralisação de processos em seu gabinete e omissão de declaração de suspeição em relação a uma advogada com quem possuía parentesco e que atuava no TJ-RJ.
Uma das polêmicas que envolveram o desembargador foi sua associação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Comando Vermelho. Segundo o corregedor nacional de Justiça, Luis Felipe Salomão, em 2023 foi determinada uma fiscalização no gabinete de Buhatem devido a publicações críticas a Lula e favoráveis a Jair Bolsonaro. Antes do segundo turno das eleições de 2022, o desembargador teria compartilhado informações falsas sobre Lula, dizendo que ele era “convidado de honra do Comando Vermelho” durante uma visita ao Complexo do Alemão.
A equipe da CNN tentou contatar o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro para que o desembargador Buhatem se pronunciasse sobre as acusações, mas até o momento da publicação desta matéria não obteve retorno. O caso continua gerando repercussão e debates sobre a conduta de magistrados em relação a manifestações políticas e o uso das redes sociais. O afastamento de Buhatem pelo CNJ sinaliza para a importância da ética e imparcialidade no exercício da magistratura, independentemente de questões partidárias.