APTA e Instituto de Zootecnia: Venda de centros de pesquisa pelo governo de SP gera críticas e polêmica

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APTA e Instituto de Zootecnia: saiba o que são os centros que governo de SP mira para venda

Locais desenvolvem pesquisas para agricultura e pecuária há décadas. A intenção de venda tem sido criticada por cientistas, que alegam desmonte silencioso da ciência pública.

APTA Regional de Piracicaba (SP) e o Instituto de Zootecnia em Nova Odessa (SP) são centros públicos de pesquisas para o agro que podem ter áreas vendidas pelo governo de SP. A intenção de venda tem sido criticada por cientistas (leia mais abaixo).

O governo paulista divulgou que esses e outros 33 centros de pesquisas, incluindo fazendas experimentais, estão na lista de intenção de venda total ou parcial. O anúncio foi feito em publicação no Diário Oficial para convocação de audiência pública com a comunidade científica. A audiência, que ocorreria na segunda-feira (14), foi suspensa por decisão judicial que questionou a falta de transparência da intenção (saiba mais abaixo).

Os centros são responsáveis por pesquisas científicas para desenvolvimento da agricultura e pecuária há décadas. Eles estão vinculados à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), que é de responsabilidade da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA) do Estado. Para atuar, a APTA está presente em diversas cidades de São Paulo com os seguintes núcleos: Apta Regional, Instituto Agronômico (IAC), Instituto Biológico (IB), Instituto de Economia Agrícola (IEA), Instituto de Pesca (IP), Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL), Instituto de Zootecnia (IZ). Cada centro de pesquisa considera questões regionais para atuar.

A APTA Regional de Piracicaba foi fundada em 1928. O centro tem desenvolvido pesquisas em cana, soja, olivicultura, uso de resíduos no solo, frutas, hortaliças, melhoramento genético e bovinocultura, com foco em tecnologias sustentáveis para a agropecuária.

A unidade do Instituto de Zootecnia (IZ) em Nova Odessa tem mais de 100 anos. Ele tem trabalhado com pecuária. Os destaques são o melhoramento genético do gado Nelore, manejo sustentável e banco de forrageiras tropicais, informou a SAA.

A SAA informou que as áreas da APTA de Piracicaba e do IZ de Nova Odessa que podem ser vendidas ainda não foram decididas, pois a ação depende de audiência junto à comunidade científica. Mas a audiência foi suspensa pela justiça de São Paulo. A decisão judicial questionou a falta de transparência da intenção de venda e a SSA afirmou ao DE que tem recorrido. A pasta ainda informou que as áreas do IZ de Nova Odessa que estão destinadas a atividades de organizações sem fins lucrativos não serão afetadas pela proposta de desmembramento, já que não se enquadram nos critérios de subutilização e ociosidade.

Segundo a secretaria estadual, a proposta de alienação de áreas na APTA de Piracicaba não afeta nenhuma das ações de impacto positivo da unidade. Mas a afirmação é contestada pela Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC). “Representa mais uma etapa de um processo de desmonte silencioso da pesquisa pública em São Paulo […] Falar em venda dessas áreas, sem qualquer debate público qualificado ou estudo de impacto, é negligenciar décadas de trabalho, conhecimento acumulado e investimento público”, afirma Helena Dutra Lutgens, presidente da APqC.

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