Há 40 anos morria Tancredo Neves, presidente que não tomou posse mas virou peça-chave da redemocratização do Brasil. Eleito no colégio eleitoral, Tancredo seria o primeiro civil a presidir o país após 21 anos de ditadura. Internado na véspera da posse, passou por série de cirurgias e morreu em 21 de abril de 1985.
Tancredo de Almeida Neves morreu há 40 anos, em 21 de abril de 1985, como presidente da República eleito. Não tomou posse no cargo, mas sua principal obra política foi executada com sucesso: a devolução do poder à população civil, encerrando duas décadas de ditadura militar (1964-1985). Opositor do regime, Tancredo catalisou esperanças e conduziu a costura final da transição de poder.
Escolhido pelo voto indireto para suceder o general João Figueiredo na Presidência da República, Tancredo foi hospitalizado na véspera da posse com fortes dores abdominais. Após sete cirurgias e 39 dias de uma agonia compartilhada com o país, morreu em São Paulo, aos 75 anos.
Tancredo nasceu em 4 de março de 1910 em São João del-Rei, um dos 12 filhos de Francisco Paula Neves e Antonina de Almeida Neves. Cresceu em uma família de comerciantes abastados, políticos e militares. Formou-se em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e voltou à sua cidade, onde se casou com Risoleta, com quem teve três filhos. Iniciou a carreira política como vereador em São João del-Rei (1935-1937), foi deputado estadual (1947-1950) e deputado federal (1951-1953).
Deputado outra vez, Tancredo estava no Congresso no dia 2 de abril de 1964, quando o presidente do Senado, Auro de Moura Andrade, declarou vaga a Presidência da República – mesmo com João Goulart no país. O mineiro bradou “canalha”, “canalha” contra a decisão que endossou o golpe. Com a imposição do bipartidarismo, Tancredo ingressou no MDB, legenda contrária ao regime. Fez oposição dentro das regras da ditadura, desviando das cassações e criando pontes com militares.
Tancredo se reelegeu deputado até conquistar uma cadeira no Senado, em 1978. Apoiando a campanha das “Diretas Já”, a luta pelo retorno da eleição direta para presidente, compreendia que o caminho viável para a vitória da oposição seria o voto indireto no colégio eleitoral, conforme relatou em 1983 ao “Jornal do Brasil”. O político se tornou o candidato da oposição e venceu no colégio eleitoral com uma ampla diferença de votos contra o governista Paulo Maluf.
Passados 40 anos, o legado de Tancredo Neves ainda repercute na história do Brasil como um dos principais personagens da redemocratização. Sua morte prematura marca um momento crucial no cenário político brasileiro, onde a busca por consensos e diálogos se tornou fundamental para a construção de uma democracia sólida. O exemplo de Tancredo traz à tona a importância da negociação política para superar desafios e garantir a participação civil no cenário governamental.