O que é verdade e ficção no filme Dois Papas?

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O filme Dois Papas aborda os embates filosóficos entre os papas Bento XVI e Francisco, mas há controvérsias sobre a veracidade de certos eventos retratados. Uma das questões levantadas é a história de que Francisco teria entregue padres à ditadura, pois essa narrativa é complexa. Quando Francisco era líder da ordem jesuíta na Argentina, ele cooperou com oficiais por temer o governo, chegando a queimar livros de esquerda e tomar medidas extremas, como a retirada de dois padres, Franz Jalics e Orlando Yorio.

Por outro lado, muitos consideram que o filme retratou de forma fiel e emocionante a relação entre os dois papas, destacando suas divergências ideológicas e o papel de Francisco em suceder Bento XVI. Apesar de algumas liberdades poéticas tomadas na narrativa, a essência do embate entre conservadorismo e progressismo na Igreja Católica é bem explorada. A interpretação magistral de Anthony Hopkins como Bento XVI e Jonathan Pryce como Francisco também contribui para a qualidade do filme.

Outro ponto relevante é a humanização dos papas, mostrando suas fraquezas e dúvidas, o que dialoga com a proposta do Papa Francisco de uma Igreja mais próxima dos fiéis e comprometida com os desafios do mundo contemporâneo. A presença de flashbacks que reconstroem momentos cruciais na história de ambos os papas também enriquece a trama e proporciona uma visão mais abrangente sobre suas personalidades e contextos políticos.

No entanto, é importante ressaltar que a ficção pode se sobrepor à realidade em certos momentos, especialmente quando se trata de eventos controversos da biografia de Francisco. A complexidade do papel do Papa durante a ditadura argentina é tema de debates e análises, e a representação cinematográfica pode simplificar ou distorcer essas questões para efeitos dramáticos.

Em suma, o filme Dois Papas equilibra habilmente elementos de verdade e fictícios para criar uma narrativa envolvente sobre os embates filosóficos e pessoais entre Bento XVI e Francisco, levando o público a refletir sobre os desafios da liderança e da fé em tempos turbulentos.

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