Prodígio paraguaio que virou profissional aos 14 anos busca recomeço em rival do Fluminense
Fernando Ovelar surgiu como promessa de craque no Cerro Porteño, mas hoje, aos 21 anos, amarga a reserva no Unión Española, que enfrenta o Flu nesta quarta, pela Sul-Americana. Renato Gaúcho está retomando o Dinizismo no Fluminense?
Pare e pense, leitor. O que você fazia aos 14 anos? Consegue imaginar o que é estrear em um time profissional de futebol com essa idade? Foi essa a realidade que viveu Fernando Ovelar em 2018. Aos 21 anos, o atacante hoje é reserva do Unión Española, que enfrenta o Fluminense nesta quarta-feira, às 19h, pela Sul-Americana.
Ovelar foi revelado pelo Cerro Porteño e subiu ao time profissional antes de completar 15 anos. As participações não se limitaram a um garoto jogando poucos minutos. Ele fez história ao marcar um gol sobre o Olimpia, no maior clássico do país, e se tornar o mais jovem jogador a fazer um gol na liga paraguaia.
– É um jogador com um drible incrível, rápido e inteligente para jogar, além da personalidade que demonstrou ao atuar ao lado de jogadores com hierarquia. É um jogador com muita técnica – descreve o jornalista Daniel Maciel, que cobre o Cerro Porteño no Grupo Ñanduti.
Lidar com as pressões do futebol profissional e a transição da base é complicado para todos, até mesmo para os jogadores de 20 e 21 anos. Que dirá para um adolescente. Isso se refletiu diretamente na sequência de carreira do paraguaio.
Ovelar ficou com a equipe principal nas temporadas de 2018 e 2019, jogando um total de 12 partidas, e o único gol seguiu sendo aquele histórico contra o maior rival. Arce, então técnico do Ciclón, como o Cerro Porteño é conhecido, optou então por mandar o jovem de volta para a base em 2020.
– Arce tentou protegê-lo da mídia por causa da idade e do ‘assédio’ que sofria por parte da imprensa. Foi introduzindo-o aos poucos, fez uma pausa com ele depois daquela estreia e de alguns jogos a mais no time principal. Ele voltou para a sua categoria, e, pessoalmente, acredito que tudo o que viveu em pouco tempo, por causa da idade, teve repercussão no seu rendimento – completou Maciel.
Fernando é neto do ex-zagueiro Gerónimo Ovelar, que foi campeão da Copa América de 1979, a última vez que a seleção paraguaia levantou a taça continental. Destaque do time sub-15 do Cerro, Fernando Ovelar já frequentava a seleção nacional da categoria.
Era tratado no Paraguai como uma joia. A expectativa era de que se tornasse protagonista da seleção paraguaia e que fosse brilhar no futebol europeu. Mas não foi o que aconteceu. Permaneceu no clube ainda por mais duas temporadas, fazendo 25 jogos e marcando apenas uma outra vez, antes de sair de graça ao fim do contrato.
– Infelizmente, questões familiares desviaram sua atenção do futebol, mas ainda está em tempo de retomar sua carreira, continua sendo muito jovem e tem talento – explica o jornalista paraguaio Wilson González.
O atacante assinou contrato de quatro anos com o Pachuca em janeiro de 2023 e chegou ao México com pompa de craque. A realidade, porém, foi diferente. Teve poucas oportunidades de atuar pela equipe que o contratou, só duas vezes, antes de ser emprestado para o Atlante, da segunda divisão.
A volta para a América do Sul foi rápida. Ele, que chegou a ser monitorado pelo Flamengo e postou foto com a camisa do time, acertou com o Unión Española por empréstimo em busca de recuperar o melhor futebol.
A primeira temporada no Chile foi a melhor da carreira. Foram 26 jogos, quatro gols marcados e duas assistências. Porém, o paraguaio ainda sofre para ser presença constante no time.
– De altos e baixos [o desempenho de Ovelar]. Teve um 2024 melhor do que 2025. Nunca conseguiu ser titular absoluto, e isso, para um estrangeiro, é imperdoável – analisa Mauricio Contreras, apresentador do podcast “Vamos La Unión”.