Sociedade civil no Rio apresenta agenda ao BRICS: equidade de gênero, paz e novo banco como alternativa ao FMI.

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No Rio, sociedade civil apresenta agenda ao BRICS: equidade de gênero, combate a
guerras e banco como alternativa ao FMI

Encontro no Palácio do Itamaraty, no Centro, foi a primeira vez que
representantes da sociedade civil apresentaram propostas diretamente aos
principais negociadores dos países-membros. Rio receberá os ministros de
Relações Exteriores do BRICS nos dias 28 e 29 de abril.

1 de 1 representantes da sociedade civil apresentam recomendações diretamente
aos sherpas do BRICS — Foto: Rafael Lima / divulgação BRICS Brasil

representantes da sociedade civil apresentam recomendações diretamente aos
sherpas do BRICS — Foto: Rafael Lima / divulgação BRICS Brasil

O Palácio do Itamaraty, no Centro do Rio de Janeiro, foi palco nesta
quinta-feira (24), de um encontro entre representantes da sociedade civil
brasileira e membros do BRICS, o grupo de países do Sul Global que atuam em cooperação em áreas econômicas e sociais.

Pela primeira vez, desde a criação do BRICS, representantes da sociedade civil
tiveram espaço formal para apresentar propostas diretamente aos principais
negociadores dos países-membros durante a segunda reunião de sherpas do grupo.

Rio receberá os ministros de Relações Exteriores do BRICS nos dias 28 e 29 de
abril.

Entre as propostas apresentadas estão:

Maior participação feminina;
Postura ativa contra conflitos;
E o Novo Banco de Desenvolvimento como alternativa ao FMI e ao Banco Mundial.

Para Mauricio Lyrio, sherpa do Brasil no BRICS, o encontro representa uma
mudança significativa na forma como o grupo incorpora as demandas da sociedade
civil em seu processo decisório.

> “É uma oportunidade para que nós, negociadores, ouçamos o que a sociedade tem
> a dizer sobre nosso trabalho e como melhorá-lo para que os resultados do BRICS
> sejam mais alinhados com o que a população quer”, afirmou Mauricio Lyrio.

Rio de Janeiro vai sediar a cúpula do BRICS em julho

Para o encontro desta quinta, foram selecionados dez grupos que atenderam os
critérios que combinavam representatividade institucional e alinhamento com as
prioridades da presidência brasileira.

Segundo Gustavo Westmann, chefe da assessoria especial de assuntos
internacionais da Secretaria-Geral da Presidência da República, foi importante
assegurar que os quatro grandes conselhos tivessem presentes: o Conselho
Empresarial, Conselho Juventude, o Conselho Civil e o Conselho de Think Tanks.

“E depois, à luz das prioridades da presidência brasileira, a gente também
trouxe outros fóruns e reuniões. Então, basicamente essa é uma oportunidade para
que representantes e atores não governamentais possam não apenas dialogar com os
negociadores, mas também enviar propostas concretas para o reposicionamento do
BRICS nessa nova ordem global repleta de complexidades”, explicou Westmann.

O sherpa da África do Sul, embaixador Xolisa Mabhongo, elogiou o diálogo inédito
entre sociedade civil e negociadores durante a reunião no Rio de Janeiro.

> “Tivemos aqui um encontro inédito entre cidades, sociedade civil e os sherpas.
> Vimos a paixão dos líderes sociais aqui. O Brasil mostra como a sociedade deve
> ser valorizada, algo que também vivemos na África”, disse Mabhongo.

As propostas apresentadas serão consolidadas em documentos oficiais e analisadas
pelos sherpas nas próximas semanas. O governo brasileiro reforçou que o diálogo
com a sociedade civil continuará ao longo de toda a presidência.

IGUALDADE, MEDIAÇÃO DE CONFLITOS E FORÇA ECONÔMICA

João Pedro Stédile, coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra (MST), cobrou que os membros dos BRICS precisam ter uma postura mais
ativa contra os conflitos em curso no Mundo.

No início do mês, os países que compõem o Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e
África do Sul) divulgaram um comunicado conjunto no qual afirmaram deplorar o
que chamaram de “colapso” do cessar-fogo entre o governo de Israel e o grupo
terrorista Hamas, que controla a Faixa de Gaza.

Para Stédile, esse tipo de postura é importante. Segundo ele, “Há uma
responsabilidade civilizatória que exige solidariedade”.

Já sobre o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês), houve
consenso dos representantes da sociedade civil que a instituição financeira
precisa ser o principal agente de financiamento da industrialização do Sul
Global.

O argumento comum é que sem indústria não há como reduzir a pobreza ou financiar
agricultura familiar, por exemplo. A expectativa é que o NBD se torne uma
alternativa real ao Banco Mundial e ao FMI, financiando o desenvolvimento de
países emergentes.

“O Novo Banco de Desenvolvimento deve ampliar financiamentos para áreas sociais,
e os sindicatos precisam ser incluídos no monitoramento de políticas públicas.
Propomos a institucionalização de um fórum sindical permanente no BRICS”,
reivindicou Nilson Duarte, presidente da União Geral dos Trabalhadores do Rio de
Janeiro.

A representante da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Aliança de
Mulheres Empresárias, Constanza Neri, destacou a necessidade de maior
participação feminina na política internacional.

> “Precisamos de mais acesso a crédito, capacitação em práticas agrícolas
> sustentáveis e maior representação no turismo e na saúde global. As mulheres
> são fundamentais para o comércio internacional, mas ainda enfrentam muitas
> barreiras”, avaliou Constanza Neri.

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